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    Curiosity completa aniversário de pouso em Marte

    KENNETH CHANG
    DO "NEW YORK TIMES"

    20/08/2013 03h08

    No primeiro aniversário de seu pouso em Marte, na metade de sua missão principal, a sonda Curiosity, da Nasa, ainda tinha um longo caminho a percorrer.

    Mais especificamente, sete quilômetros. É essa a distância até os contrafortes do monte Sharp, montanha de 5.500 metros de altitude cujas rochas podem fornecer pistas sobre um tempo em que Marte pode ter abrigado vida.

    Como a Curiosity está avançando cuidadosamente apenas 90 metros por dia, a viagem levará oito ou nove meses.

    Por enquanto, a ciência é secundária. A sonda Curiosity se arrasta por uma paisagem árida, em grande medida desinteressante. "É praticamente um trabalho de dirigir e nada mais, de pedal e metal", disse John P. Grotzinger, cientista da missão.

    Um quadro interativo no site nytimes.com/science traz a cronologia de onde a Curiosity já esteve e o que já fez.

    Novas imagens e informações serão acrescentadas à medida que a sonda avançar.

    De acordo com a Nasa, a Curiosity já percorreu mais de 1,6 quilômetro, fez mais de 36.700 imagens e disparou 75 mil pulsos de laser para analisar rochas e solo.

    O primeiro dia -ou "sol", o termo usado para descrever um dia marciano, que é cerca de 40 minutos mais longo que um dia na Terra- começou na manhã de 6 de agosto de 2012 (no controle da missão, no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em Pasadena, na Califórnia, era a noite de 5 de agosto).

    A nave que transportava a Curiosity penetrou a atmosfera marciana a mais de 21 mil km/h.

    Em manobras coreografadas com precisão e tão arriscadas que a Nasa as descreveu como "sete minutos de terror", a Curiosity foi levada à superfície, onde chegou sem danos.

    A sonda, que tem o tamanho aproximado de um carro, chegou exatamente no alvo visado: dentro da cratera Gale, uma cicatriz de 155 quilômetros de largura deixada pelo impacto de um asteroide há, pelo menos, 3,5 bilhões de anos. Desde então, camadas de sedimentos encheram boa parte da cratera e, de alguma maneira, foram "esculpidas", deixando o monte Sharp ao centro.

    Observações feitas desde a nave em órbita apontavam para a presença de minérios argilosos na base da montanha, cujo nome é uma homenagem ao destacado geólogo e especialista em Marte Robert P. Sharp.

    Como a argila se forma em água com pH neutro, esse fato fazia da cratera Gale um lugar promissor para procurar sinais de que Marte pode algum dia ter sido propício à vida.

    Antes de direcionar a sonda para o monte Sharp, a equipe de Grotzinger decidiu enviá-la num desvio para pesquisar um terreno que parecia ser uma confluência intrigante de três tipos distintos de rochas. No caminho, a Curiosity identificou o que parecia ser um antigo leito de riacho.

    No local, na primeira rocha que a sonda perfurou, em 8 de fevereiro ("sol" 182), ela encontrou "ouro" -ou seja, argilas.

    Essa rocha nessa parte de Marte se formou em condições aquosas surpreendentemente semelhantes às da Terra. "Não há dúvida de que Marte foi um planeta habitável em seu passado longínquo", disse Grotzinger.

    Mas a Curiosity não possui instrumentos que possam fazer uma busca direta por sinais de vida passada ou presente.

    Embora sua missão principal esteja prevista para durar apenas dois anos, é possível que a Curiosity continue a explorar Marte por muito mais tempo. "Ela está ótima", disse Jennifer H. Trosper, vice-gerente do projeto. "Acho que a sonda vem funcionando melhor que se previa."

    Mas, caso alguém imagine que tudo em uma missão de US$ 2,5 bilhões possa sempre funcionar à perfeição, no final de fevereiro, um problema de memória de computador deixou a Curiosity fora de ação por duas semanas.

    Como disse Grotzinger, "isso serve para nos lembrar que, em última análise, o tempo de vida da sonda é finito".

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