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    Nosso 'primo' extinto, Homo erectus talvez fosse artista

    REINALDO JOSÉ LOPES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    16/12/2014 02h02

    Ao reexaminar artefatos escavados no século 19 e engavetados num museu da Holanda, pesquisadores encontraram indícios de que o Homo erectus, parente arcaico do ser humano de hoje, já praticava uma forma rudimentar de arte: gravuras em conchas.

    Os padrões em zigue-zague, com idade estimada em 500 mil anos, estão em uma concha achada em Trinil, na ilha de Java (Indonésia), pelo antropólogo holandês Eugène Dubois (1858-1940), justamente o responsável por descobrir o Homo erectus.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

    Só agora, porém, uma equipe da Universidade de Leiden flagrou as alterações nas conchas e as analisou usando técnicas modernas. O resultado do estudo saiu na revista científica "Nature".

    As gravuras em zigue-zague, apesar da simplicidade, exigiram destreza manual. É provável que tenham sido feitas com dentes de tubarão.

    Seriam rudimentos de atividade artística e pensamento simbólico, parecido com o nosso? Gravuras parecidas bem mais recentes, achadas na caverna sul-africana de Blombos e feitas por antigos Homo sapiens, costumam ser usadas como indício desse tipo de revolução mental.

    Em Blombos, foram encontradas 18 gravuras, com idades entre 75 mil e 100 mil anos. Como o achado de Java é, por enquanto, um caso isolado, o arqueólogo Wil Roebroeks diz que ainda é preciso ter cautela. "Podemos ver que a gravura foi feita com cuidado. Por outro lado, não temos pistas do porquê ela foi feita."

    O Homo erectus é considerado antepassado direto do Homo sapiens e se parece conosco em vários aspectos, mas seu cérebro era menor e o formato do crânio, diferente. Ele foi o primeiro de nossos parentes distantes a sair da África, há 1,8 milhão de anos, e desapareceu há ao menos ao menos 143 mil anos.

    Se mais achados como o de Roebroeks acontecerem, será possível concluir que as capacidades mentais de hominídeos mais primitivos não eram necessariamente inferiores às do homem moderno.

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