Uma missão tripulada a Marte é tecnicamente viável, embora não vá ser fácil nem barata.
Resultados obtidos pelo jipe-robô Curiosity mostraram o nível de radiação a que seriam expostos os astronautas numa viagem que envolvesse 360 dias de trânsito interplanetário (ida e volta) e 500 dias em solo marciano.
O resultado seria uma dose de radiação de cerca de 1 sievert. Esse nível de exposição está associado a um aumento de 5% no risco de ter câncer ao longo da vida.
Para a Nasa, é um pouco demais, pois ela limita o risco máximo a 3%. Mas nada intolerável.
As missões não tripuladas já demonstraram que há bom conhecimento para realizar pousos bem-sucedidos em Marte. A Nasa investe em técnicas para descer cargas maiores –como as que serão exigidas em missões tripuladas– à superfície marciana.
E o próximo jipe robótico, marcado para 2020, testará a fabricação de oxigênio a partir da atmosfera rica em dióxido de carbono.
São tecnologias fundamentais, que precisam ser desenvolvidas e testadas para a chegada do homem a Marte.
"Provavelmente tudo isso vai ser resolvido, mas no custo de bilhões de dólares", afirma Lucas Fonseca, engenheiro brasileiro que trabalhou na missão Rosetta. Mais precisamente, US$ 35 bilhões, pelas contas da Nasa. E este sim é o principal gargalo.
Se a Nasa se mantiver focada pelas próximas décadas e o orçamento acompanhar as ambições, será possível ver os primeiros astronautas caminhando sobre Marte antes da metade do século 21. Mas ainda há muito chão –e espaço– pela frente.