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    Cérebro reage diferentemente segundo idiomas ouvidos na infância

    DA AFP

    02/12/2015 08h50

    SPL
    Complexa rede de interconexões do cérebro
    Complexa rede de interconexões do cérebro

    A exposição precoce a uma língua influencia a forma como o cérebro trata, mais tarde, os sons de uma outra língua –é o que diz um estudo publicado nesta terça-feira (1°) na revista "Nature Communications".

    Parece difícil para os autores do artigo, no entanto, concluir que o fato de escutar uma língua nos primeiros anos de vida influenciará, mais tarde, o aprendizado de línguas estrangeiras. Assim, durante o primeiro ano de vida, o cérebro é muito atencioso e armazena muitas informações. Representações neurais de sons ouvidos são estabelecidas.

    Para este estudo, os pesquisadores canadenses analisaram 43 crianças, com idades entre 10 a 17 anos, que falam francês e que foram, algumas delas, expostas muito cedo ao chinês. Eles fizeram com que três subgrupos ouvissem gravações de pseudopalavras, então as sonoridades eram próximas ao francês mas não faziam sentido, como por exemplo "vapagne" ou "chansette".

    O primeiro subgrupo era constituído por crianças nascidas e criadas em famílias francófonas que não haviam estudado nem ouvido chinês. O segundo subgrupo compreendia crianças chinesas que falavam fluentemente o francês na idade de 3 anos. O terceiro subgrupo era formado por crianças adotadas na China antes dos 3 anos, por famílias que só falavam francês. Estas crianças não haviam mais falado, nem ouvido o idioma chinês.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "Nós utilizamos pseudopalavras francesas para estudar a forma como o cérebro trata os sons de uma língua falada de maneira corrente em função das línguas ouvidas após o nascimento", explicou Lara Pierce, psicóloga da Universidade McGill em Montréal no Canada e coautora do estudo, "mas sem que outas características da língua, como o sentido, pudesse intervir".

    Exames de ressonância magnética efetuados durante a difusão destes sons demonstraram que todas as crianças que foram expostas ao chinês muito cedo –quer tenham ou não continuado a falar a língua– tinham uma região do cérebro ativa que não era vista nas crianças unicamente expostas ao francês.

    Nas crianças adotadas por famílias de língua francesa e de língua não chinesa, foram ativados, como nas crianças bilíngues, áreas do cérebro conhecidas por estarem envolvidas na memória e na atenção.

    "Aprender uma língua na infância pode, portanto, mudar a maneira de apreender outro idioma", observou Lara Pierce. "Mas não podemos dizer se aprender uma nova língua será mais fácil ou não" para estas crianças, acrescentou.

    Em novembro de 2014, Lara Pierce e seus colegas também demonstraram que o cérebro continua a reagir a sons e tons de uma língua ouvida e aprendida na infância, mas depois esquecida.

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