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    Entenda as ondas gravitacionais: Sete perguntas e respostas

    DO "GUARDIAN"

    11/02/2016 18h23

    Caltech/MIT/LIGO Laboratory/Reuters
    O 'balé da morte' executado por dois buracos negros gera ondas gravitacionais, que foram detectadas
    O 'balé da morte' executado por dois buracos negros gera ondas gravitacionais, que foram detectadas

    Nesta quinta, foi anunciado aquele que pode ser o maior achado científico do ano (ou da década) na área da Física e da Astronomia: a existência de ondas gravitacionais.

    Elas foram previstas por Einstein há 100 anos e vários cientistas têm se empenhando em encontrar evidências de sua existência desde então. Entenda o fenômeno e tire suas dúvidas abaixo:

    *

    1. O que são ondas gravitacionais?
    São deformações no tempo-espaço, semelhante às ondas que aparecem na superfície de um lago quando se joga uma pedra. No caso, as ondas gravitacionais se propagam na velocidade da luz.
    O curioso é que essas ondas podem se espalhar por todo o espaço-tempo, sem que se restringirem à vizinhança de seu local de origem
    Para que elas apareçam, é necessário que algo realmente pesado esteja se mexendo, como o 'balé da morte' dançado por dois buracos negros.

    2. Elas existem, de fato?
    Ao que tudo indica, sim. Um novo resultado divulgado nesta quinta (11) pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (Ligo, na siga em inglês), detectou o fenômeno

    3. De onde vem a ideia de que existem ondas gravitacionais?
    Elas foram previstas por Albert Einstein, na teoria da relatividade geral, há 100 anos. Quase tudo que essa teoria previa vem sendo confirmado com observações ou experimentos. Faltavam as ondas gravitacionais.

    4. Mas elas já não foram detectadas antes?
    Sim e não. Por duas semanas, em 2014, físicos que trabalhavam em um telescópio na Antártida afirmaram que tinham visto sinais das ondas gravitacionais geradas nos primórdios do Universo. Após uma rechecagem, ficou estabelecido que o mais provável é que um artefato —algo não real— tivesse sido observado.
    Em 1993, dois físicos ganharam o Prêmio Nobel por estudos com objetos celestes chamados pulsares binários, que se movimentam do modo como Einstein previu, perdendo energia na forma de ondas gravitacionais. Ainda faltava, no entanto, uma evidência mais direta do fenômeno.

    5. Por que persistir na busca?
    Os cientistas sempre estiveram convencidos de que as ondas gravitacionais estariam lá, bastava o jeito certo de detectá-las —no caso, lasers que formam ângulos precisos seriam capazes de detectar ondas gravitacionais, caso elas passassem por ali e encurtassem ou esticassem os quilométricos braços dos detectores.
    O problema é a precisão. Uma onda formada a milhões de anos-luz daqui distorceria os braços de 4 km menos de um milésimo do tamanho do núcleo de um átomo, o que é muito difícil de detectar.

    6. Por que devo me importar?
    Porque as ondas gravitacionais podem responder questões sobre o momento da Criação do Universo. Para ver algo 13 bilhões de anos atrás, é necessário captar a luz que surgiu nessa época e que está viajando desde então. No entanto, por mais potente que um telescópio seja, seria muito difícil ver algo dos 400 mil primeiros anos do Universo, por conta da alta densidade da sopa primordial —nem a luz conseguia sair dali. Por outro lado, as ondas gravitacionais estariam se espalhando desde o início.

    7. Estamos vendo o fim da Física?
    Não. As perguntas apenas se multiplicam. Por que o Universo visível é feito de matéria e não de antimatéria? Por que 96% do Universo é invisível e indetectável —existindo como matéria escura e a ainda mais misteriosa energia escura? Por que ele parece ser estável? Existe mais de um Universo? Inúmeros deles? Por que ele existe, de fato? Mesmo que uma questão seja encerrada, outras inúmeras do quebra-cabeça são abertas.

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