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    Governo Alckmin decide afastar diretor do Instituto Butantan

    ROGÉRIO GENTILE
    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    20/02/2017 20h54 - Atualizado às 23h03

    Uriel Punk/Futura Press/Folhapress
    David Uip (Secretário estadual de Saúde), Geraldo Alckmin, Ricardo Barros (ministro da Saúde), Jorge Elias Kalil Filho (Diretor do Instituto Butantan) e André Franco Montoro (ex-presidente da Fundação Butantan)
    David Uip (Secretário de Saúde de SP), Geraldo Alckmin, Ricardo Barros (ministro da Saúde), Jorge Kalil (diretor do Instituto Butantan) e André Franco Montoro (ex-presidente da Fundação Butantan)

    O médico Jorge Kalil será afastado da direção do Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, nesta terça-feira (21). O anúncio deve ser feito pelo secretário de Saúde da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), David Uip.

    A Folha apurou que Kalil, que estava no órgão desde 2011, será deslocado para outro cargo, no qual continuará trabalhando para desenvolvimento de vacinas.

    O cientista, especialista de renome internacional no desenvolvimento de medicamentos, está em Paris, de onde deve voltar depois do Carnaval. A assessoria do Instituto Butantan não conseguiu contato com ele na noite desta segunda-feira (20).

    A mudança ocorre após desgastes que envolveram o Butantan nos últimos dias.

    Em 8 de fevereiro, o diretor-presidente da Fundação Butantan, André Franco Montoro Filho, pediu demissão. Ele alegou ter achado uma série de problemas após assumir o posto em 2015.

    A fundação, na prática, é quem administra o instituto, a quem cabe produzir vacinas e desenvolver pesquisas.

    As irregularidades teriam sido comprovadas por auditoria externa feita na entidade.

    Como revelou a Folha nesta segunda, um dos problemas apontados se refere à primeira fábrica de derivados de sangue do país. Lançada há nove anos e com investimento de R$ 239 milhões, deveria estar funcionando desde 2010, mas nunca operou.

    Segundo a auditoria, outros R$ 400 milhões serão necessários para que tudo fique pronto –valor que é contestado pela direção do instituto.

    Rogerio Cassimiro/Folhapress
    A fábrica inacabada está localizada no canto direito da foto, logo em frente à caixa d'água cilíndrica
    A fábrica inacabada está localizada no canto direito da foto, logo em frente à caixa d'água cilíndrica

    O órgão administrativo do Butantan, que comercializa os produtos, tem um orçamento anual na casa de R$ 1,2 bilhão.

    As críticas de Montoro Filho ao se demitir da fundação estavam direcionadas para Jorge Kalil, que durante uma época acumulou a direção tanto da fundação como do instituto –algo visto como erro pelo governo estadual.

    No início do mês, ainda segundo Montoro Filho, Kalil voltou a tentar esvaziar o poder da fundação, alterando o estatuto da entidade e, na prática, assumindo o controle do orçamento bilionário do órgão administrativo.

    O colegiado da entidade aprovou as decisões de Kalil criticadas por Montoro Filho na carta de demissão. Por isso, além da mudança na direção do instituto, o governo do Estado vai alterar também alguns nomes do conselho.

    Segundo a gestão Alckmin, investigações sobre pontos da auditoria estão em andamento e serão aprofundadas.

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