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    Luciana Coelho

    Série de Amy Schumer faz jus a elogios de Woody Allen e Seinfeld

    08/08/2015 17h03

    Não é tão difícil procurar por Amy. Woody Allen a elogia, Jerry Seinfeld a quer em cena, Jon Stewart a convida para um de seus derradeiros programas e Madonna a convoca para abrir shows. Na verdade, hoje é bem difícil não trombar com Amy.

    O sucesso não é apenas entre os colegas humoristas (ou a nata deles). "Descompensada", o novo filme que Schumer escreveu e estrela sob a batuta do diretor Judd Apatow, o rei do besteirol moderno, arrecadou no primeiro fim de semana quase todo o seu orçamento.

    Sua série "Inside Amy Schumer", que pode ser traduzido como "Por dentro de Amy Schumer", a levou para o topo da lista de melhores comediantes dos EUA feita pela revista pop "GQ". E os prêmios —neste ano, são duas indicações ao Emmy — começam a chegar.

    A primeira coisa que salta aos olhos (e ouvidos) sobre Schumer, 34, é que ela não tem freio para falar de sexo. Mas ao contrário da chatíssima Lena Dunhan, cinco anos mais nova, ela faz graça, e não monólogos intermináveis, com o fato de estar fora dos padrões malucos exigidos pela cultura estética atual ou de qualquer outro padrão "feminino".

    Schumer, por outro lado, também não chega a ser o furacão de inventividade que são as meninas de "Broad City ", Ilana Glazer, 27, e Abbi Jacobson, 31, muito mais influenciadas pela cultura da internet.
    A referência da comediante é o stand-up e o longevo humorístico americano "Saturday Night Live".

    Sua série, cuja terceira temporada acaba de terminar nos EUA, tem episódios de 20 minutos com esquetes musicais, convidados pop, pequenas entrevistas com personagens incomuns e quadros em que ela representa seu alter ego topa-tudo, mas sem situações recorrentes como em "Seinfeld" ou "Louie".

    Nada novo. Fazer um tipo de humor mais tradicional e geralmente executado por homens, porém, não a torna anacrônica. E pode distanciá-la das colegas de geração, mas não da onda feminista atual.

    Com quadros que ridicularizam a hipersexualização das mulheres na música pop (que tal um clipe com muitas bundas enquanto a letra da música louva o "fazedor de cocô"?) às dificuldades para se comprar anticoncepcional pelo seguro saúde nos EUA, Schumer tem sido reverenciada como uma heroína da causa.

    Seria inimaginável para um detrator, porém, colar o epíteto "feminazi" à comediante, tamanha a habilidade dela para criticar o status quo sem penitenciar o espectador mais avoado, muitas vezes apenas invertendo papeis e situações.

    Talvez seja isso, essa naturalidade, o que mais impressiona em Schumer, ora cínica, ora pueril, mas sempre engraçada sobre qualquer coisa, das tolas às sérias. Manter-se pau a pau com o parceiro de cena —seu episódio em "Comedians in Cars Getting Coffee", a websérie de Seinfeld, é impressionante— seja ele quem for, sem se intimidar.

    A segunda temporada de "Inside Amy Schumer" é exibida no Brasil pelo Comedy Central na madrugada de terça para quarta-feira, 0h, com reprises na semana

    luciana coelho

    É editora de 'Mundo' e foi correspondente em Nova York, Genebra e Washington. Escreve às sextas sobre séries de TV.

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