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    Mônica Bergamo

    Lula indica advogado que acusa amigo de Moro como testemunha

    29/08/2017 16h08

    Reprodução
    Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht, durante entrevista por Skype para a *Folha*
    Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht, durante entrevista por Skype para a Folha

    Os advogados do ex-presidente Lula apresentaram nesta terça (29) ao juiz Sergio Moro um requerimento "urgente" pedindo a substituição de uma testemunha de defesa do ex-presidente, que deporia amanhã (30), pelo advogado Rodrigo Tacla Duran.

    O processo investiga a doação de um terreno ao Instituto Lula feita pela Odebrecht. Os advogados dizem que as acusações se baseiam apenas nas palavras de criminosos confessos, os executivos da empreiteira que fazem delação premiada.

    No pedido, eles citam reportagens que a Folha fez com Duran, que já trabalhou para a Odebrecht. Numa delas ele afirma, em entrevista, que a empresa falsificou documentos em sua delação premiada.

    No domingo (27), a Folha revelou também que Duran escreve um livro em que acusa o advogado Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento de Moro, de tentar interferir junto à força-tarefa da Lava Jato para melhorar o acordo que tentava fazer com os procuradores.

    Em troca, ele receberia por meio de caixa dois para ajudar pessoas que colaborariam com um desfecho mais favorável. Duran não coloca Moro sob suspeita.

    Zucolotto desmente qualquer tratativa com Duran sobre a Lava Jato.

    O juiz Moro, em nota, disse ser "lamentável que a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas sobre a atuação da Justiça". Afirmou também que "a alegação de Rodrigo Tacla Duran de que o sr. Carlos Zucolotto teria prestado alguma espécie de serviço junto à força-tarefa da Lava Jato ou qualquer serviço relacionado à advocacia criminal é falsa".

    Na petição, os defensores de Lula afirmam ser evidente que "tais fatos [descritos nas reportagens] são sobremaneira relevantes para o desfecho da presente ação penal pois tocam a idoneidade e a legalidade de processos de colaboração premiada com executivos e ex-executivos do grupo Odebrecht e também outros processos de colaboração premiada".

    Moro decidirá se concorda ou não com a substituição.

    Duran trabalhou para a Odebrecht e tentou fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, sem sucesso.

    Chegou a ter a prisão decretada por Moro e a ser detido na Espanha no fim de 2016. Foi solto depois de um mês. O Brasil pediu a extradição do advogado, que tem cidadania espanhola, mas ele foi negado.

    Desde então Tacla Duran tem dado entrevistas criticando a Odebrecht e a força-tarefa da Operação Lava Jato.

    mônica bergamo

    Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.

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