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    Tales Andreassi

    Parente é serpente

    DE SÃO PAULO

    07/09/2014 03h00

    Nos anos 1990, uma comédia italiana de Mario Monicelli que mostrava a relação entre membros de uma família, chamada "Parente é Serpente", fez muito sucesso em São Paulo.

    No mundo do empreendedorismo, nada pode ser mais verdadeiro do que esse título. Procure evitar ao máximo contratar parentes para trabalhar em sua empresa.

    Logicamente, há exceções. Em algumas empresas, a parceria entre pais e filhos, maridos e esposas, irmãos ou outros parentes dá resultado. Mas a experiência mostra que, na maioria das vezes, isso não acaba muito bem.

    Qual a motivação que um funcionário vai ter para trabalhar em uma empresa em que os principais postos são sempre preenchidos pelos membros da família?

    Que motivação terá em uma empresa em que as decisões mais importantes são discutidas e tomadas durante os almoços da família, aos domingos, sempre sem a participação dos funcionários?

    Para o empreendedor, trabalhar com parentes também é ruim. Imagine marido e mulher convivendo o dia inteiro na empresa e ainda aproveitando o jantar para discutir mais algumas coisas que ficaram pendentes. Sem contar os casais que não se divorciam para não ter que dividir a empresa...

    Quando o negócio não dá certo, as brigas acontecem –e a perda é dupla: vão embora o negócio e também os laços familiares.

    Há ainda um ponto mais delicado, que são os furtos cometidos pelos membros da família. A relação de parentesco acaba sendo um motivo para o empreendedor afrouxar os controles, quando deveria ser justamente o contrário.

    Afinal, se você for furtado por um funcionário, pode denunciá-lo à polícia. Mas quem tem coragem de denunciar um irmão? Um filho?

    Isto faz com que os casos de parentes envolvidos em fraudes seja bem frequente, mesmo em grandes empresas.

    Quem não se lembra do caso do Banco Panamericano, do empresário Silvio Santos, cujas fraudes ocorreram "principalmente devido ao fato de que familiares do apresentador ocupavam altos cargos de direção e de confiança no grupo", como noticiado pela imprensa na ocasião?

    tales andreassi

    Escreveu até junho de 2016

    É professor e vice-diretor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP.

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