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    Renato Kramer - Natália Portinari

    'Ser ator de teatro é se jogar no abismo', diz Aderbal Freire-Filho

    DE SÃO PAULO

    08/11/2015 21h03

    "O diretor é um artista sem rosto. Faz parte da minha profissão saber que ela é de difícil identificação", declarou o diretor de teatro Aderbal Freire-Filho no "Terceiro Sinal" (GNT.DOC) da última sexta-feira (6).

    Aderbal Freire-Filho, nascido em Fortaleza (CE) em 1941, é um diretor teatral premiado com mais de 80 espetáculos encenados. Em 2008, dirigiu a peça "Hamlet" (William Shakespeare), com o ator Wagner Moura no papel título.

    Foram quatro meses de ensaio: desde o início no Galpão do Solar (RJ) até a estreia em 20 de junho de 2008, no Teatro FAAP (SP).O documentário faz um grande apanhado de momentos marcantes, de discussões de ideias, de esclarecimento de intenções dos personagens e até de algumas saudáveis brincadeiras de intervalo.

    Divulgação
    Aderbal Freire Filho com Wagner Moura (de costas) durante a montagem de "Hamlet"
    Aderbal Freire Filho com Wagner Moura (de costas) durante a montagem de "Hamlet"

    "O diretor é um animal que nasceu do autor", diz Aderbal, "assim como um lagarto que soltou uma... Eu ia dizer uma borboleta, mas é muita frescura pra definir um diretor! É assim como um rato que virou um morcego! De um ser que se dividiu em dois. A minha sensação, cada vez que a gente faz um espetáculo de alguém é de virar esse mesmo bicho".

    Interessante perceber durante todo o processo de ensaios a entrega de Wagner Moura à orientação do diretor, que por sua vez sabe bem o que quer do ator. "São 17 anos que eu faço teatro ininterruptamente. Fiz menos teatro depois que vim morar no Rio, comecei a fazer cinema. Estava carente da figura de um mestre: Aderbal materializou muito isso pra mim", declara Moura.

    "Eu construo o espetáculo tendo o ator como protagonista. Cada dia o ator é novo. Ser ator de teatro é se jogar no abismo. Mas aí o ator vai se segurando, vai encontrando uma forma e se acomodando a ela, porque se jogar no abismo dói. 'Posso errar. Não vou fazer de novo bem, então não me jogo no abismo e vou no certo' —e é ruim!", ressalta o diretor.

    "Se dividirem os diretores em dois tipos: o tipo que prepara antes, desenha todas as cenas e chega para os atores no ensaio e passa isso ou o tipo que vem pro ensaio sem nada e pede para os atores ficarem improvisando e diz 'isso é bom, isso não é bom' —eu digo que eu não sou nenhum dos dois!", afirma Freire-Filho.

    "Eu acredito muito no teatro que ele (Aderbal) faz, porque é o teatro da imaginação. O teatro de Aderbal é esse: da imaginação, do teatral", afirma Wagner Moura. "Eu estou só te dizendo viaje, imagine você. Eu estou mesmo te enganando", conclui Aderbal Freire-Filho neste imperdível documentário para os amantes do teatro.

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