A Polícia Civil de Goiânia prendeu um ginecologista suspeito de estuprar oito meninas entre 12 e 14 anos. Para aliciar as vítimas, o médico pagava R$ 20 para uma garota atrair colegas de escola, segundo a polícia.
João Batista Pinto, 47, foi preso ontem (29) no Hospital e Maternidade Vila Nova, sob a acusação de estupro com violência real, estupro com violência presumida, exploração sexual e corrupção de menores. Os crimes, segundo investigações, foram cometidos contra alunas do Colégio Estadual Jardim Balneário Meia Ponte.
O suspeito foi detido após ter a prisão decretada pela Justiça. Segundo a polícia, a Justiça analisou, além das informações do inquérito, o fato de João Batista ter fugido para Franca (400 km de SP) logo depois da veiculação do caso na imprensa local e de ele ter recebido ligação de uma das vítimas, que o avisou que a polícia estava à sua procura.
A garota, de 12 anos, prestou depoimento ontem e confirmou à polícia que fazia o papel de "cafetina" para o médico, que estava de plantão no momento da prisão. A menina disse à delegada Adriana Accorsi, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que recebia R$ 20 reais por cada amiga que ela arranjasse fazer sexo com o ginecologista.
Segundo a polícia, a menina também apontou outras duas colegas de escola que também mantiveram relações sexuais com o médico e que ainda eram desconhecidas da polícia. Das oito vítimas que já passaram pela DPCA, três afirmaram que foram estupradas pelo suspeito. Elas relataram à polícia que o médico oferecia entre R$ 50 e R$ 100 para fazer sexo com elas.
O suspeito pegava e deixava as meninas na rua dos fundos da escola, segundo a polícia. Ele sempre as levava para o mesmo motel, em um Renault Mégane preto. O médico mandava que as meninas virassem ou escondessem o rosto quando chegavam na recepção do motel. Uma delas, de 14 anos, que teria pedido para ir embora do motel, foi ameaçada de morte, segundo a polícia.
Para convencer a vítima de 14 anos a sair com ele, o médico telefonou insistentemente durante dois meses, segundo a polícia, convidando a garota para passeios em shoppings e restaurantes. O ginecologista ainda foi à porta da escola por várias vezes levando sorvetes e refrigerantes para ela e para as colegas de sala. A menina ganhou presentes --como roupas e CDs.
No dia do estupro, o médico disse à menina que as amigas estavam esperando no shopping com um amigo dele. Antes de ir para o motel, ele a levou a um shopping para tomar sorvete. Segundo as meninas afirmaram à polícia, o médico não usava preservativo durante as relações.
Meninas novas e magras
Em depoimento, a menina que disse ter agenciado as colegas para fazer sexo com o médico afirmou que o suspeito tinha preferência por meninas novas e magras. Ela disse que o conheceu por meio de sua irmã, de 17 anos.
Antes de viajar para Franca, o ginecologista teria ligado para suas vítimas para ameaçá-las, segundo a polícia.
João Batista é plantonista há um ano na Maternidade Vila Nova, e ontem foi o primeiro dia de trabalho após voltar de Franca. Ele afirmou ser casado e quem tem um filho para algumas vítimas, disse a polícia.
Para a delegada-titular da DPCA, João Batista inicialmente negou o envolvimento e disse estar sendo vítima de uma calúnia. Depois confirmou conhecer as meninas, mas disse que elas fizeram sexo com ele espontaneamente.
Laudos do IML (Instituto Médico Legal) confirmam as relações sexuais, segundo a delegacia. De acordo com a investigação, apenas a menina que agenciava as outras vítimas não fez sexo com o suspeito.
O médico tem dois antecedentes criminais por atentado violento ao pudor mediante fraude, cometidos em 2001 e 2002 contra duas mulheres, além de um processo por concussão (extorsão cometido por funcionário público no exercício de suas funções), cometido em 2001. Segundo a polícia, João Batista cobrou dinheiro de um paciente por um procedimento médico realizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde).