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    Três pessoas morrem assassinadas em fazenda em MT

    da Folha Online

    06/12/2008 23h48

    Três pessoas foram assassinadas na tarde desta sexta-feira (5) no município de Colniza (noroeste de MT). De acordo com a Polícia Militar, a disputa de terras na região é a principal hipótese para o motivo do triplo assassinato.

    As três pessoas foram mortas numa emboscada dentro de uma área de assentados. Uma quarta vítima do atentado conseguiu sobreviver e foi levada ferida para o hospital municipal de Colniza. Mais tarde, sob proteção policial, ela foi transferida para o município de Juína para a retirada das balas de espingarda. Segundo a PM, as vítimas saíram da sede da fazenda --que fica a 35 km do centro de Colniza-- por volta das 16h quando, pouco depois, foram atacadas.

    O primeiro a ser atingido foi o motorista da caminhonete F-350. Desacordado, o motorista do veículo perdeu o controle e bateu num barranco. Antes que os outros ocupantes pudessem fugir, os assassinos cercaram o veículo e disparam contra eles. Um deles caiu sobre a mulher, que se fingiu de morta e esperou os suspeitos irem embora para pedir ajuda na região.

    Dois homens forem presos neste sábado dentro de uma área de assentados. Segundo a polícia, junto com os suspeitos, foram encontrados um revólver, uma espingarda e grande quantidade de munição. Será feita uma investigação para saber se as armas encontradas foram utilizadas na chacina.

    No mesmo local do crime desta sexta, ocorreu uma tentativa de assassinato em fevereiro deste ano. Um homem -- que também era funcionário da fazenda-- foi baleado no braço, mas conseguiu escapar com vida.

    Histórico de disputas

    O local onde ocorreu o crime é ocupado hoje por um grupo de cem famílias que são donas, cada uma, de 50 hectares, num total de cinco mil hectares. Antes de ser destinada a essas famílias, pertencia a uma área muito maior, cuja propriedade é de uma família de Bauru (interior de São Paulo), segundo a PM.

    Em 2007, a fazenda chegou a ser invadida, mas o proprietário conseguiu na Justiça a reintegração de posse. Como a tensão gerada pela disputa das terras continuou, em junho de 2008, o Intermat (Instituto de Terras do Mato Grosso) concluiu a demarcação da área para o assentamento das cem famílias e, desde então, realiza o processo de regularização das terras. Outra parte da fazenda é destinada para a criação de reservas indígenas e não pode ser usada para atividades econômicas.

    Situação indígena

    Pressionada por madeireiros e pela atividade agropecuária, a região é uma das frentes de desmatamento da Amazônia. Reúne cinco registros de grupos de índios isolados, cuja sobrevivência estaria ameaçada, conforme a Funai (Fundação Nacional do Índio).

    Na mesma região declarada prioritária pela Funai, a fundação começa a notificar fazendeiros a parar a exploração de madeira e minérios e a não expandir a produção agropecuária em decorrência da confirmação da existência de um grupo, os piripkura, de apenas dois índios isolados.

    As medidas estão previstas em portaria editada há dois meses e que restringe o uso de uma área de 242,5 mil hectares --pouco mais de uma vez e meia a cidade de São Paulo-- nos municípios de Colniza e Rondolândia, identificado como território dos piripkura.

    Colniza foi o quinto município na lista dos que mais desmataram a Amazônia no ano passado. Pouco antes, a região foi alvo da Operação Curupira, da Polícia Federal, que investigou esquema de extração ilegal de madeira.

    O contato com os piripkuras aconteceu no ano passado, mais de 20 anos depois da primeira vez em que integrantes do grupo teriam sido avistados. Supostamente apenas dois homens do grupo sobreviveram: Tikun e Mondeí.

    Com informações da Folha de S.Paulo

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