Uma disputa que se arrastava havia três anos chegou ao fim: o prefeito paulistano, Gilberto Kassab (DEM), a pedido da Secretaria da Cultura, determinou que o Masp desocupe a galeria Prestes Maia, na praça do Patriarca, centro de São Paulo.
O museu recebeu autorização para utilizar os 6.000 m2 da Prestes Maia por meio de um decreto de 1996 de Paulo Maluf, mas a transferência só se consumou de fato na gestão do ex-prefeito Celso Pitta, há oito anos. Uma mostra em homenagem à cidade --"São Paulo - De Vila a Metrópole"-- marcou a abertura da galeria.
| Apu Gomes/Folha Imagem |
![]() |
| Balde usado para armazenar água de infiltração do teto da galeria Prestes Maia, em São Paulo, e obra exposta no local |
No dia do Natal, Kassab revogou o decreto, o que pegou de surpresa a direção do Masp.
O plano do museu era transformar a galeria em definitivo no Masp-Centro, que receberia parte da reserva técnica. Chegou a investir cerca de R$ 3 milhões em reformas, mas o museu entrou em crise financeira e o projeto foi adiado.
Hoje, o espaço está desocupado porque, segundo a direção do Masp, infiltrações que surgiram impedem qualquer atividade na Prestes Maia.
Na visão do secretário da Cultura, Carlos Augusto Calil, o Masp jamais cumpriu projetos previstos quando da autorização, como realizar uma reforma geral e depois manter um espaço permanente de exposições de arte.
Em 2005, Calil pediu o espaço de volta, mas o então presidente do Masp, Julio Neves, conseguiu apoios do primeiro escalão do governo do então prefeito, José Serra (PSDB), e evitou a perda do espaço.
Coleção de arte
Ontem, a assessoria de Calil, que está afastado do cargo em férias, divulgou que será transferida para a Prestes Maia a Coleção de Arte da Cidade.
Hoje, essas peças estão depositadas no Centro Cultural São Paulo e são exibidas somente em exposições esporádicas organizadas no próprio local.
"Ao assumirmos de volta o espaço, uma vistoria será feita a fim de avaliar as intervenções físicas que deverão ser realizadas para adaptá-los às novas funções", diz a secretaria, que não estimou prazo para a transferência do acervo.
O diretor do Masp-Centro, Celso Vieira, que diz ter ficado sabendo do despejo pela Folha, reagiu com surpresa: "Foi no dia 25 [data da publicação do decreto de Kassab]? Ninguém nos avisou. É o nosso presente de Natal", ironizou Vieira.
Segundo o coordenador de comunicação do Masp, Paulo Alves, a diretoria do museu vai se reunir na primeira quinzena de janeiro para avaliar a decisão de Kassab.
"Ninguém da direção estava sabendo, foi algo unilateral, não negociado com o Masp", afirmou.
O Masp planejava, de acordo com Alves, adaptar a galeria para exposições de arte contemporânea e de grandes peças, que não cabem no prédio-sede, na avenida Paulista.
"De cada três consultas de exposições que recebemos, duas são recusadas por falta de condições apropriadas", diz.
