A linha 3-vermelha do metrô de São Paulo completa 30 anos em 2009 e, após três décadas de operações, registra grande aumento no número de passageiros e opera próximo ao limite de sua capacidade, com utilização 42 dos 47 trens disponíveis nos horários de maior movimento.
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O aumento de passageiros pode ser verificado diariamente nas plataformas de acesso aos trens. "O metrô não está dando conta do crescimento da demanda, por conta disso, a hora do rush está começando cada vez mais cedo e termina cada vez mais tarde", afirma a analista de pesquisa Luciane Brito, que usa a linha vermelha do metrô diariamente, entre as estações Corinthians-Itaquera e Sé.
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Estação Palmeiras-Barra Funda, na linha 3-vermelha, é o ponto com maior número de entrada de passageiros do metrô de São Paulo |
A superlotação também é apontada como um problema pela aposentada Maria Pinto, 82, que utiliza a mesma linha entre as estações Sé e Santa Cecília. "No fim da tarde, eu nem consigo pisar no chão quando entro no metrô, sou levada pela multidão", afirma.
Segundo Wilmar Fratini, gerente de operações do metrô, a superlotação e a consequente utilização de trens próximo do limite da capacidade é resultado do aumento em cerca de 20% da quantidade de passageiros transportados pela linha, desde o fim do ano de 2005.
"A partir de dezembro de 2005, aumentou consideravelmente a quantidade de pessoas transportadas pelo metrô devido ao bilhete único que deu a possibilidade de integração entre diferentes meios de transporte, além de ter melhorado as condições da economia brasileira, o que eleva o número de viagens das pessoas", afirma Fratini.
Para tentar resolver esse problema, o metrô afirma que deve realizar, em breve, a compra de dez novos trens, além de implantar um novo sistema de sinalização que reduziria o tempo de espera entre os trens. Isso porque o sistema permitiria o aumento da velocidade e uma maior aproximação dos trens sem correr risco de colisão.
Fratini afirma que o atual tempo de espera é de 101 segundos, e a expectativa é que esse tempo possa ser reduzido para 85 segundos, nos horários de maior movimento. Mesmo assim, as medidas só devem entrar em vigor em 2010, segundo o gerente de operações.
Quanto à expansão da linha e criação de novos pontos, o metrô não possui nenhum projeto para a linha vermelha. O único destaque fica para a integração que deve ser feita entre a linha 3-vermelha do metrô e a linha 2-verde. Esse ponto de encontro entre as linhas vai acontecer na estação Penha, segundo o projeto.
Expansão
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Estação Pedro 2º do metrô de São Paulo em construção na década de 80. Linha 3-vermelha completa 30 anos de operação em 2009 |
A linha 3-vermelha do metrô de São Paulo iniciou suas operações no dia 10 de março de 1979. Nessa data, a linha contava apenas com três estações do trecho central: Sé --que já fazia parte da linha 1-azul--, Pedro 2º e Brás.
Nos anos seguintes, a linha foi expandida para o lado leste, com a inauguração das estações Bresser-Mooca, Belém e Tatuapé; seguida pela expansão do lado oeste da linha, com a inauguração das estações Anhangabaú, República e Santa Cecília.
Apenas em 1988, a linha ganhou o formato atual, com 18 estações, onde, hoje, são transportadas cerca de 1,4 milhões de pessoas, todos os dias. O número faz da linha 3-vermelha a responsável pelo transporte do maior número de passageiros, segundo balanço do próprio metrô.
O metrô aponta a linha 1-azul com cerca de 1,3 milhões de passageiros, a linha 2-verde com 400 mil e a linha 5-lilás com 125 mil passageiros todos os dias.
Frantini afirma que mesmo possuindo uma movimentação próxima, as linhas azul e vermelha possuem algumas particularidades. Enquanto na vermelha, o total de passageiros se concentre nas horas de rush --das 6h30 às 8h30 e das 17h às 19h--, na linha azul, o movimento é mais bem dividido no decorrer do dia.
Para o metrô, esses dados mostram que a linha é, preferencialmente, utilizada para o trajeto para o trabalho.
Aprovação
Mesmo com reclamações relacionadas, principalmente, ao horário de rush do metrô, ele continua a ser o meio de transporte preferencial de uma parcela significativa da população, sendo aprovado por 82% dos usuários, segundo dados da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
Segundo o órgão, a aprovação do metrô tem caído nos últimos anos, mesmo assim, é o que apresenta a maior aprovação.
"Eu deixo o meu carro próximo à estação Tatuapé e pego o metrô para seguir até o trabalho na estação Palmeiras-Barra Funda. Acho melhor do que ficar preso no trânsito de São Paulo", afirma o gerente de projetos Marcos Terci, 41. "O ideal mesmo seria que o metrô chegasse até perto da minha casa, e eu nem precisasse tirar o carro da garagem."