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    Planos e obras tentam reverter processo de decadência do centro de SP

    CAROLINA FARIAS
    CLAYTON FREITAS
    da Folha Online

    24/01/2009 17h09

    A cidade de São Paulo completa 455 anos neste domingo (25) com o desafio de manter viva sua memória. E para contar a história da cidade o ponto de partida é o centro, lugar onde nasceu São Paulo. Mas, a região que já representou o auge do desenvolvimento viu a metrópole lhe dar as costas e, com isso, foi condenada à degradação. Após anos de deterioração, poder público e iniciativa privada voltaram as atenções para a região e perceberam que a memória da cidade também se degradaria se o centro não voltasse a ter a devida importância para a cidade.

    Leia a cobertura completa dos 455 anos de São Paulo

    Hoje, projetos tentam transformar a região num polo de cultura, lazer, negócios, educação e turismo. Planos de revitalização querem dar uma nova cara à região, como o Procentro, com financiamento de R$ 100,4 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e o Nova Luz, projeto de intervenção urbana, econômica e social da área do bairro da Luz. Este último, conta com a instalação de empresas na região para dar nova vocação à área.

    Divulgação
    Fachada da Estação Pinacoteca, localizada na Luz, centro de São Paulo; em 2005, a prefeitura criou projeto para recuperar a área
    Fachada da Estação Pinacoteca, localizada na Luz, centro de São Paulo; em 2005, a prefeitura criou projeto para recuperar a área

    O Procentro foi criado com a finalidade de promover desenvolvimento com diversidade na área central. O projeto foi concebido aproximadamente no ano 2000, mas foi assinado somente 2004 com orçamento de R$ 167,4 milhões --R$ 67 milhões aplicados pela prefeitura.

    Até esse ano, R$ 40,9 milhões já foram gastos --R$ 18,6 milhões desse montante são do financiamento do BID. No entanto, são poucas as obras já concluídas --entre elas estão a reurbanização das praças da República e da Sé. Boa parte da verba foi empregada em planejamentos, estudos, consultorias e elaboração de projetos para futuras obras. O projeto da Nova Luz foi elaborado com parte dessa verba.

    De acordo com o cronograma do projeto, ainda há pouco mais de R$ 106,3 milhões a serem investidos e somente até o primeiro semestre do ano de 2010, data para o último desembolso do montante financiado pelo BID.

    Entre maio e junho deste ano estão previstos os términos das reformas da biblioteca Mário de Andrade, do anexo do edifício, e da recuperação da fachada do Teatro Municipal.

    A partir de fevereiro, 16 ruas do bairro Santa Efigênia começarão a passar por obras de troca de piso das calçadas, implantação de projeto paisagístico, reforma da iluminação, entre outros itens. A obra, prevista para durar 15 meses, custará R$ 13,7 milhões --85% desse valor virá do montante do BID.

    Entre as vias que passarão pela reforma estão a avenida Duque de Caxias, rua Mauá, rua Santa Ifigênia e avenida Cásper Líbero.

    Praça Roosevelt

    Alardeada ainda na gestão do então prefeito e hoje governador José Serra (PSDB) como uma das principais intervenções no centro, a reforma e revitalização da praça Roosevelt, ainda não saiu do papel.

    Em síntese, segundo a prefeitura, a proposta prevê a demolição das três lajes que abrigam um batalhão da Polícia Militar e da Guarda Municipal e onde funcionavam um supermercado e uma escola. Uma escadaria e uma rampa devem ser construídas depois da demolição das lajes para ligar a praça com às ruas Augusta e da Consolação.

    A discussão sobre o que fazer no local se arrasta há pelo menos 11 anos. Desde então muito foi falado, várias datas foram dadas para início das obras mas até agora pouco ou nada foi realizado.

    O custo estimado da obra é de R$ 13 milhões. A obra na praça Roosevelt era discutida desde à época das reformas na Sé e República --já feitas e inauguradas ao custo de R$ 7,2 milhões juntas, quase metade do que custará a Roosevelt. As verbas do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) devem cobrir pelo menos 85% do total.

    De acordo com o cronograma da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), o projeto de reurbanização da praça está concluído, porém, a documentação para a abertura da licitação para a contratação da obra ainda está na fase de elaboração. A empresa não informou as datas estimadas para o início da obra.

    O advogado Enrique Rodolfo Marti, da Ação Local Roosevelt, ligada à Associação Viva o Centro, disse que requisitou informações à Emurb (Empresa Municipal de Urbanização). "Informaram que esse tipo de obra é muito complexa. Sempre postergam, dizem que vão começar em uma determinada época e nada", afirma.

    Segundo ele, após pedido da própria Ação Local, foi feita a quebra das paredes num supermercado que funcionava no local e uma escola infantil. Isso foi feito pois após a desocupação desses locais, moradores de rua se instalaram na região.

    Entretanto, a medida teve pouca eficácia. A reportagem da Folha Online flagrou nas últimas semanas ao menos uma dezenas deles na região, alguns até montando uma roda de samba com latas e tambores que eles dizem ter sido encontrados nos escombros do que foi demolido.

    "Temos sim moradores de rua ainda nas imediações. Eles permanecem mas a presença deles foi minimizada", disse Marti.

    A preocupação da Ação Local é em relação às chuvas e os entulhos que permanecem no local. O acúmulo de água da chuva aliado à falta de manutenção pode propiciar o surgimento de focos do mosquito Aedes aegypti --transmissores da dengue. "Enviamos comunicado à subprefeitura da Sé e estamos no aguardo de providência", disse.

    Segundo ele, a única coisa que tranquiliza os integrantes da ação é saber que a verba é específica e só pode ser utilizada na reforma. "Numa época em que está se anunciando uma crise mundial com um certo volume e reflexo no Brasil, o que pode sugerir cortes de investimentos, sabemos que o dinheiro só será utilizado para a reforma e tem destino específico, não podendo ser desviado para outro tipo de atividade", afirmou.

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