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    Irmão de vice-governador do AM é investigado por agredir professor; grupo organiza ato

    KÁTIA BRASIL
    da Agência Folha, em Manaus

    13/05/2009 22h58

    Professores, alunos e jornalistas irão realizar nesta sexta-feira (15) na Ufam (Universidade Federal do Amazonas) um ato de desagravo ao professor Gilson Monteiro, coordenador do curso de comunicação social. Ele foi agredido, dentro da universidade, pelo irmão do vice-governador, Omar Aziz (PMN), na segunda (11). Nesta quarta-feira, a Polícia Federal anunciou que vai abrir inquérito para investigar o caso.

    A agressão ocorreu na frente de 15 alunos após o professor dar como exemplo de reportagem que recebe interferência política para não ser divulgada na imprensa local a da investigação da CPI da Prostituição Infantil, na qual Aziz foi citado e, depois, inocentado, em 2004.

    No auditório do ICHL (Instituto de Ciências Humanas e Letras), estava Samara Abdel Aziz, 17, sobrinha de Omar Aziz, aluna do 1º período de jornalismo. Revoltada após ouvir a citação do nome do tio, ela saiu e voltou, vinte minutos depois, acompanhada do pai Mansur Aziz e do tio, Amin Aziz, irmãos do vice-governador.

    "O Amin me agrediu. Eu caí, tentei me defender, ele me deu uns socos e chutes e faz um gesto [com a mão] como se estivesse atirando com um revólver na minha direção", diz Monteiro.

    Ao presenciarem a agressão, os alunos se desesperaram. Uma aluna começou a chorar. Outro tentou ajudar Monteiro, mas foi advertido por Amin. Segundo testemunhas, Samara Aziz ainda gritou para o tio não bater no professor.

    "Eu não sabia que a aluna era da família de Aziz. Mas ainda que eu tivesse ofendido a aluna, o caminho era me processar. Foi uma agressão descabida", diz Monteiro, que foi candidato a reitor da Ufam.

    Outro lado

    Em coletiva, nesta terça-feira (12), o vice-governador, Omar Aziz, condenou a atitude do irmão. "O Amin cometeu um ato irracional e condenável e vai responder por isso. Um erro não justifica outro."

    A sobrinha, no entanto, chegou a escrever em sua página do Orkut, na internet, que "respeito é bom e mantém os dentes no lugar". Nesta quarta-feira, a mensagem foi retirada da página. Ela e o pai, Mansur Aziz, não foram localizados pela reportagem.

    Já Amin Aziz disse hoje que se "exaltou" e cometeu um "grave erro". "Eu fiz uma coisa errada. Até peço desculpas. Ela é minha sobrinha e crio ela desde criança. Era seu primeiro dia de aula na Ufam. O sonho dela era fazer jornalismo na universidade federal. Perdi a cabeça sem querer. Cometi um grave erro ao ter entrado lá."

    Segundo ele, no entanto, o professor agiu com má-fé. "Eu discordo da atitude de um professor de formar uma opinião dentro de uma universidade. Ele é pago para ensinar. Tenho a certeza de que foi proposital. Eu não acredito que um professor não saiba quem são os alunos. Ele usou de má-fé".

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