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    PM acusado de liderar grupo de extermínio em SP é indiciado por quarta decapitação

    ANDRÉ CARAMANTE
    da Folha de S.Paulo

    07/09/2009 21h35

    O soldado da Polícia Militar de São Paulo Rodolfo da Silva Vieira, filho de um capitão reformado da corporação e acusado pela Polícia Civil de ser um dos líderes do grupo de extermínio "Os Highlanders", foi indiciado sexta-feira (4) por mais uma decapitação acontecida ano passado em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo).

    Com mais esse novo indiciamento na Polícia Civil, Vieira agora passou a ser acusado formalmente de quatro decapitações atribuídas aos "highlanders". O soldado já responde processo na Justiça por outras três mortes nas quais as vítimas tiveram as cabeças arrancadas.

    Para indiciar Vieira pela quarta decapitação, a Polícia Civil considerou os depoimentos dados por outros dois PMs apontados como integrantes do grupo de extermínio e que, assim como Vieira, estão presos no Presídio Militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé (zona norte de São Paulo), desde o começo deste ano.

    Segundo os depoimentos dos também soldados Marcos Aurélio Pereira Lima e Ronaldo dos Reis Santos, Vieira falou com eles sobre a decapitação de um homem até hoje não identificado pela Polícia Civil e cujo corpo foi encontrado em 11 de abril de 2008.

    De acordo com os PMs, Vieira comemorou o crime cometido em abril de 2008 durante uma festa da qual os três participaram.

    A fita usada para imobilizar esse homem não identificado, segundo a Polícia Civil, é do mesmo tipo da que foi usada em maio de 2008 para amarrar outros dois jovens mortos pelos "highlanders". O soldado Vieira confessou ter participado desse duplo homicídio, mas disse que só aceitou participar dos crimes por ter sido ameaçado.

    Roberth Sandro Campos Gomes, 19, o Maranhão, e Roberto Aparecido Ferreira, 20, o Bebê, foram sequestrados em 6 de maio de 2008 e seus corpos foram encontrados, no fim daquele mês, no mesmo local onde o homem não identificado já havia sido achado em abril.

    Processos

    No caso das decapitações de Gomes e Ferreira, o soldado Vieira é réu na Justiça ao lado dos PMs Lima, Santos, Jorge Kazuo Takiguti, João Bernardo da Silva e Jonas Santos Bento. Com exceção de Vieira, todos os outros PMs negam os assassinatos de Gomes e Ferreira.

    Já ao lado do 3º sargento Moisés Alves Santos, do cabo Joaquim Aleixo Neto e do também soldado Anderson dos Santos Sales, o soldado Vieira é réu no processo sobre a morte do deficiente mental Antônio Carlos Silva Alves, 31, o Carlinhos, que sumiu dia 8 de outubro de 2008 no Jardim Capela (zona sul de São Paulo).

    O corpo de Alves foi achado sem a cabeça e sem as mãos no dia 9 de outubro, no mesmo local de Itapecerica da Serra em que as outras três vítimas decapitadas haviam sido achadas em abril e maio de 2008.

    Testemunhas afirmaram à Polícia Civil que viram Alves ser colocado em um carro do 37º Batalhão da PM em que o soldado Vieira estava ao lado dos outros três PMs que são réus com ele no processo pela morte de Alves. Os quatro PMs réus, inclusive Vieira, negam ter levado e matado Alves.

    O advogado dos suspeitos, José Miguel da Silva Junior, sempre disse que seus clientes são inocentes e que são vítimas de represálias de traficantes.

    Protegido

    Vieira é apontado pela Polícia Civil como chefe do grupo de extermínio "Os Highlanders" porque contava com a suposta proteção do coronel Eduardo Félix de Oliveira --amigo de seu pai, o capitão Paulo Roberto da Silva Vieira, que, durante anos, esteve lotado no extinto Tacrim (Tribunal de Alçada Criminal).

    O coronel Oliveira, por meio da Comunicação Social da PM, sempre negou manter relação de proteção ao soldado Vieira ou a qualquer outro dos acusados de integrar o grupo de extermínio "Os Highlanders".

    Os nove PMs acusados pela Polícia Civil de integrar o grupo de extermínio são integrantes da Força Tática (espécie de tropa de elite) do 37º Batalhão, que atua no extremo sul da capital.

    Ao todo, os nove PMs são acusados de 12 assassinatos --em cinco deles, as vítimas foram decapitadas. De acordo com as investigações da Polícia Civil, os PMs cometiam os crimes por acreditar que suas vítimas eram ligadas com criminosos e com o tráfico de drogas.

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