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    PM acusado de decapitar dois jovens é condenado a 28 anos em SP

    ANDRÉ CARAMANTE
    DE SÃO PAULO

    15/09/2011 16h58

    O soldado da Polícia Militar de São Paulo Ronaldo dos Reis Santos, 30, o R.Santos, apontado pela Polícia Civil e Ministério Público Estadual como integrante do grupo de extermínio "Os Highlanders", foi condenado na tarde desta quinta-feira a 28 anos de prisão pela decapitação de dois jovens. Cabe recurso.

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    O julgamento do PM durou cerca de sete horas e ocorreu no fórum de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo).

    O responsável pela acusação contra o PM foi o promotor Marcelo Alexandre Oliveira. Ele atua no Tribunal do Júri de Guarulhos (Grande SP) e foi destacado especialmente pela Procuradoria Geral de Justiça para o julgamento porque hoje é considerado um dos mais combativos no Estado.

    Os jurados não aceitaram a tese do advogado Eugênio Carlo Balliano Malavasi, que argumentou que o PM não participou dos sequestros e decapitações de Roberth Sandro Campos Gomes, 19, o Maranhão, e Roberto Aparecido Ferreira, 20, o Bebê.

    Segundo a Delegacia Seccional de Taboão da Serra e a Promotoria, os dois rapazes foram detidos por um grupo de PMs do qual R.Santos fazia parte no Jardim Imbé, região do Capão Redondo (zona sul de SP), na madrugada de 6 de maio de 2008, quando foram vistos entrando no carro 37016 do 37º Batalhão, também na zona sul.

    Uma jovem que acompanhava os rapazes naquela madrugada reconheceu dois PMs como sendo os que levaram os jovens depois de mandá-la para casa. Os corpos de Gomes e Ferreira foram encontrados em Itapecerica da Serra, sem as mãos e a cabeça, no fim daquele maio de 2008.

    Cortar a cabeça e as mãos das vítimas, segundo a acusação, era uma estratégia dos PMs para evitar a identificação das vítimas, daí o nome do grupo de extermínio ser "Os Highlanders". A existência dos matadores foi revelada pela Folha em outubro de 2008.

    Outro três PMs --os soldados Rodolfo da Silva Vieira, Marcos Aurélio Pereira Lima e Jonas Santos Bento-- também são réus no caso e ainda serão julgados.

    Lima e Vieira confessaram o sequestro dos dois jovens durante a fase de investigação do caso. Eles recorreram da sentença de pronúncia e deverão ser julgados ainda neste ano, assim como o PM Bento.

    ABSOLVIDOS

    Em 17 de março deste ano, o sargento Jorge Kazuo Takiguti e o soldado João Bernardo da Silva, foram absolvidos da acusação de matar e decapitar os dois jovens.

    Apontado pela Promotoria e Polícia Civil como chefe do grupo de extermínio, o soldado Rodolfo da Silva Vieira já foi condenado, em julho de 2010, a 18 anos e oito meses de prisão pela decapitação do deficiente mental Antonio Carlos Silva Alves, 31.

    O soldado Vieira também é apontado pela Polícia Civil como chefe do grupo de extermínio porque contava com a suposta proteção do coronel Eduardo Félix de Oliveira --amigo de seu pai, o capitão Paulo Roberto da Silva Vieira, que, durante anos, esteve lotado no extinto Tacrim (Tribunal de Alçada Criminal).

    Hoje na Reserva, o coronel Oliveira foi até cotado para ser o comandante-geral da PM quando estava em atividade. Oliveira também foi chefe da Tropa de Choque da PM e, atualmente, é membro da equipe de gestão de Gilberto Kassab (PSD) e atua como subprefeito da Penha (zona leste de SP).

    Ano passado, por meio da Comunicação Social da PM, Oliveira sempre negou manter relação de proteção ao soldado Vieira ou a qualquer outro dos nove acusados de integrar o grupo de extermínio.

    A Folha tenta entrevistar Oliveira desde 2009, mas ele sempre se nega a falar.

    CONDENADO

    O soldado Vieira foi condenado pela morte de Alves ao lado dos PMs Moisés Alves Santos, Joaquim Aleixo Neto e Anderson dos Santos Salles, que eram lotados no 37º Batalhão. Todos os PMs sempre negaram o crime e recorreram da condenação.

    Os quatro foram expulsos da PM em dezembro de 2010. A defesa recorreu da condenação.

    Ao todo, os nove PMs acusados de integrar "Os Highlanders" são suspeitos de 12 mortes --em cinco delas, as vítimas foram decapitadas. Todos os PMs eram da Força Tática (espécie de tropa especial) do 37º Batalhão.

    As mortes foram investigadas como motivadas como uma forma de intimidar por meio do terror criminosos na região do Jardim Ângela e, com isso, impedir aumento nos índices de violência na região.

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