Por 4 votos a 3, os policiais militares Francisco Carlos Laroca Júnior (1º tenente), 30, o cabo Renato Aparecido Russo, 36, e os soldados Alexandre de Lima Costa e Marco Antônio Pinheiro, ambos de 42 anos, foram absolvidos nesta quinta-feira da acusação de simular um tiroteio que matou dois homens, em maio de 2006, durante os ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) contra as forças de segurança de São Paulo.
O julgamento durou nove horas e aconteceu no Tribunal do Júri de Guarulhos (Grande São Paulo). À época das mortes, os quatro PMs eram da Rota, espécie de tropa de elite da PM de São Paulo.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual à Justiça, em 13 de maio de 2006, durante a primeira onda de ataques da facção criminosa, os PMs simularam um tiroteio para tentar justificar as mortes do presidiário Jefferson Morgado Britto, 31, e do ex-detento José Feliz Ramalho, 44. Mas essa versão não foi aceita hoje pelos jurados.
Em seus depoimentos, todos os PMs disseram que, antes de atirar em Ramalho e Britto, foram alvo dos disparos dos dois, após perseguirem o carro (um Audi A4) onde o empresário Rui Rodrigues da Silva era mantido refém pelos dois.
O empresário Silva chegou a ser investigado sob a suspeita de ajudar os PMs da Rota a montar a farsa para encobrir a morte de Ramalho e Britto, mas não foi pronunciado para ir a júri.
Ramalho, segundo a investigação Corregedoria da PM, foi visto por um amigo quase duas horas antes do suposto tiroteio contra os PMs sendo colocado por um policial dentro do carro da corporação.
A principal suspeita contra os PMs e o empresário é a de que Ramalho e Britto foram presos em locais diferentes em São Paulo e, mais tarde, levados para Guarulhos, onde o empresário Silva, a pedido de amigos PMs, teria se passado por vítima de um sequestro relâmpago supostamente praticado pelas duas vítimas dos PMs.