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    1º dia de julgamento do goleiro Bruno é marcado por atraso e tumulto

    ROGÉRIO PAGNAN
    PAULO PEIXOTO
    ENVIADOS ESPECIAIS A CONTAGEM (MG)

    19/11/2012 20h16

    O primeiro dia do julgamento do caso Eliza Samudio foi marcado por tumulto, atrasos, abandono de advogados e apenas uma testemunha ouvida. A sessão no fórum de Contagem, na região metropolitana de BH, que estava prevista para começar às 9h, só foi iniciada por volta das 12h.

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    O julgamento será retomando amanhã, a partir das 9h, com os depoimentos das delegadas Alessandra Wilker e Ana Maria Santos, responsáveis pelas investigações.

    O tempo de 20 minutos dado pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues para a defesa de cada réu apresentar as considerações preliminares causou revolta nos advogados. A confusão fez com que o julgamento fosse interrompido para o almoço, pouco mais de uma hora de ter começado.

    Na volta, os advogados de defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, Ércio Quaresma e Zanone Oliveira, deixaram o julgamento por não concordarem com o prazo estabelecido pela juíza.

    "Não temos a menor condição de trabalhar no julgamento em que a defesa é cerceada", disse Quaresma --advogado que, durante a fase de instrução do processo, dormiu e chegou a roncar, sendo advertido pela juíza.

    Vagner Antonio/TJMG
    O goleiro Bruno Fernandes e a ex-mulher Dayanne Souza acompanham julgamento no fórum de Contagem
    O goleiro Bruno Fernandes e a ex-mulher Dayanne Souza acompanham julgamento no fórum de Contagem

    O promotor Henry Wagner de Castro foi o primeiro a falar logo após a retomada do julgamento e classificou o abandonado dos defensores de Bola como "desacato" ao colocar a juíza em "descrédito público".

    Ele também pediu para que as fotos pornográficas de Eliza que estão no processo fossem retiradas dos autos. A juíza atendeu parte do pedido.

    EX-MOTORISTA

    Em depoimento, Cleiton da Silva Gonçalves, ex-motorista de Bruno, confirmou que ouviu Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro, dizer que Eliza "já era" e que seu corpo havia sido jogado para cães.

    A declaração foi dada após ele ter sido questionado pelo promotor de acusação Henry Castro. Gonçalves também confirmou a ordem que Macarrão deu para lavar a Land Rover do jogador com óleo diesel. Mas negou ter visto manchas de sangue no veículo.

    Ele também confirmou o teor os depoimentos anteriores que deu à polícia e minimizou boa parte de suas falas ao consumo de bebida alcoólica e, também, o fato de ter ficado algemado sem motivo por nove horas.

    Mais cedo, Marcos Aparecido dos Santos, Bola, e Luiz Henrique Romão, Macarrão, deixaram o fórum.

    Macarrão passou mal e foi dispensado da sessão pela juíza Marixa Rodrigues. Já Bola foi retirado do plenário após seus advogados de defesa se retirarem do julgamento e ele ter recusado a indicação de um defensor público. Com isto, a juíza decidiu desmembrar o processo e dar um prazo de dez dias para que ele contrate novos defensores. A nova data do julgamento de Bola ainda não foi marcada.

    Editoria de Arte/Folhapress

    PLENÁRIO

    O plenário onde ocorre o julgamento fica no subsolo do fórum e por conta da ausência de ventiladores, o local é quente e abafado.

    Magro e com os cabelos curtos, o goleiro Bruno Fernandes usava o uniforme laranja do sistema prisional. Ele ficou sentado ao lado da ex-mulher Dayanne, que usava uma roupa branca.

    Fernanda, então namorada do goleiro a época do crime, ficou logo atrás de Dayanne. Ela estava de preto e usava óculos branco.

    JULGAMENTO

    O goleiro Bruno chegou ao fórum por volta das 8h45, junto com seu ex-secretário Luiz Henrique Romão, o Macarrão.

    Segundo o promotor Henry Wagner de Castro, o julgamento deve durar de duas a três semanas.

    Bruno e Macarrão vão ser julgados por homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado de Eliza. Todos os réus negam a existência do crime, já que o corpo nunca foi encontrado.

    O julgamento de Bola foi desmembrado do caso e ocorrerá em uma outra data.

    Também vão ser julgados por sequestro e cárcere privado a ex-mulher de Bruno, Dayanne Souza, e a ex-namorada Fernanda Castro.

    Eliza teria morrido porque queria que o ex-goleiro do Flamengo pagasse pensão para o filho, que até então ele não reconhecia. Em um vídeo feito em 2009, quando ainda estava grávida, ela dizia que Bruno ameaçou matá-la se ela não abortasse.

    PICHAÇÃO

    Em um muro de uma escola nas imediações do fórum, foi pichado a seguinte frase: "Bruno, me diga com quem tu andas que eu te direi quem tu és".

    O fórum foi todo isolado. Somente pessoas credenciadas podem entrar, já que o local é acanhado, com pouca estrutura para acomodar as pessoas. A sala do Tribunal do Júri fica localizada no subsolo.

    Por conta dessa dificuldade de estrutura, os muitos advogados discutiam entre eles por causa de lugar e reclamavam com a juíza da falta de tomada para ligar computadores.

    Érico Quaresma, advogado do ex-policial Bola, reclamou das 53 credenciais para a imprensa, um para cada veículo, e as 20 credenciais para estudantes de direito, contra apenas 12 credenciais para os parentes --dez dos réus e dois da vítima. Os outros 120 lugares são completados por juízes, promotores e advogados.

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