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    Policiais são demitidos acusados de torturar e matar preso na Grande SP

    DE SÃO PAULO

    03/04/2013 19h52

    O governador Geraldo Alckmin (PSDB) demitiu nesta quarta-feira dois investigadores, um papiloscopista e um delegado da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Eles são acusados de envolvimento na tortura e morte de um detento dentro de uma delegacia de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

    Além do processo criminal, os quatro respondiam também um processo administrativo dentro da polícia.

    O processo criminal indica que os investigadores Ricardo Milanez e Sergio Ferreira Barros Filho e o papiloscopista Samir Gushiken foram responsáveis pela morte do motoboy Alex Sandro Neto de Almeida em fevereiro de 2003. Eles ainda não foram julgados.

    O delegado Paul Henry Bozon Verduraz chegou a responder na Justiça por omissão. Segundo Luciano Anderson de Souza, advogado dos quatro policiais demitidos, o processo contra o delegado foi arquivado.

    O advogado diz que a decisão do governador foi precitada. "Ele [Alckmin] está equivocado. Em primeiro lugar, o delegado não faz mais parte do processo criminal e não teria mais porque ser demitido. Em segundo lugar, ainda não há resposta [sentença] da Justiça. Como é que o governador pode dizer que houve crime se nem a Justiça disse isso ainda?".

    TORTURA

    O motoboy Alex Sandro Neto de Almeida foi preso por suspeita de participar do sequestro de seu patrão, dono de restaurante em São Bernardo. Ele ficou preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Santo André.

    O sequestro ainda estava em andamento no dia 14 de fevereiro de 2003, quando o motoboy foi chamado para depor na Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes). Segundo a defesa, Alex Sandro teve um mal súbito na delegacia e morreu.

    Um laudo do IML (Instituto Médico Legal) indicou, porém, politraumatismos, fratura de uma costela e perfuração do pulmão esquerdo, além de edema cerebral e outros machucados pelo corpo do motoboy. O Ministério Público diz que Alex Sandro foi torturado até a morte.

    A defesa pediu anulação do laudo e o corpo do motoboy foi exumado. Segundo o advogado Luciano Anderson de Souza, uma nova perícia indicou que as lesões eram anteriores ao dia da morte de Alex Sandro. "Os policiais deram o azar do motoboy morrer dentro da delegacia", diz o advogado.

    De acordo com ele, na véspera da morte, o motoboy ligou para sua mulher e disse que estava "jurado de morte" e que estava sendo espancado por outros detentos do CDP.

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