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    Estudante morto era orientado pela família a não reagir a assalto

    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    11/04/2013 04h00

    Sempre que o estudante Victor Hugo Deppman, 19, conversava com a família sobre violência recebia um conselho de nunca reagir a um assalto. "Sua vida vale muito mais do que qualquer celular, carteira ou carro", dizia a mãe do jovem, Marisa.

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    Mesmo seguindo o conselho, acabou baleado na cabeça anteontem. A mãe, o pai e irmão mais velho ouviram o estampido do apartamento. Victor caiu morto em frente ao edifício onde morava.

    Carregava nas costas uma mochila com seu material escolar e um uniforme do time "Inferno Vermelho". Esses objetos, segundo a família, contam muito da história do garoto assassinado.

    "Inferno Vermelho" é o apelido do time de futsal da faculdade Cásper Líbero. Vitão, como era chamado, era um dos seus artilheiros.

    Santista fanático, sempre que podia estava numa quadra, num campo ou no controle de um PlayStation 3 disputando um jogo de futebol.

    Sua paixão pelo esporte é uma herança da família. Um avô e um tio chegaram a jogar pelo Palmeiras. O pai, também santista, é comerciante de material esportivo; a mãe é advogada.

    Vitão sonhou tornar-se jogador profissional, mas desistiu na adolescência.

    Ale Vianna/Brazil Photo Press/Folhapress
    Familiares e amigos do universitário Victor Hugo Deppmam durante velório realizado no cemitério Quarta Parada
    Familiares e amigos do universitário Victor Hugo Deppmam durante velório realizado no cemitério Quarta Parada

    Passou a sonhar em ser locutor esportivo. Por isso, decidiu fazer faculdade de rádio e TV. Tinha o narrador Milton Leite como um ídolo. Dizia-se fã das brincadeiras que o narrador fazia durante as transmissões dos jogos.

    Era namorado da estudante Isadora, 19, com quem pretendia fazer um cruzeiro pelo Caribe no final deste ano.

    Sobrevivente de graves problemas respiratórios na infância, Victor era alérgico a frutos do mar --a avó Neuza preparava prato especial para o neto quando havia frutos do mar no cardápio.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

    TV

    O estudante dizia estar no melhor momento de sua vida. No estágio que fazia na RedeTV!, ganhava R$ 550 mensais. Foi produtor do extinto "Saturday Night Live", de Rafinha Bastos, e ficou feliz quando apareceu em um dos poucos programas.

    Isso acendeu nele um desejo de passar, agora, para a frente das câmeras. Ajudava, ultimamente, no programa "O Último Passageiro".

    Era da emissora que o estudante voltava mais cedo para casa. Estava numa semana de provas na faculdade e queria se preparar.

    Seu corpo foi enterrado ontem. Sobre o caixão, a bandeira do Santos, uma de suas grandes paixões esportivas, e uma camisa do "Inferno", com o número 10 às costas, uma homenagem a Victor. O número era vetado no time de futsal para evitar "estrelismo". Parte da equipe foi ao enterro.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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