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    Haddad defende ação da PM para retirar protestos de vias em SP

    GIBA BERGAMIM JR.
    DE SÃO PAULO

    10/06/2013 03h00

    O prefeito Fernando Haddad (PT) impôs uma condição para dialogar com os manifestantes que já fizeram dois protestos contra a alta das tarifas de transporte em São Paulo: diz que eles precisam "mudar de estratégia" e "renunciar à violência".

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    Para ele, a PM, que reprimiu os protestos de quinta e sexta-feira com bombas de gás e balas de borracha, agiu para manter ruas livres e garantir a integridade de quem não participava do ato.

    "O problema é que a Polícia Militar tem que seguir protocolos e um deles é manter vias expressas desimpedidas, porque isso coloca pessoas que estão circulando em risco", disse ele em entrevista à Folha anteontem, antes de embarcar para Paris -onde defenderá a candidatura da cidade à Expo 2020.

    "A [região da] Paulista tem hospitais que atendem boa parte da população. Se estiver obstruída, haverá risco. Se amanhã alguém morre numa ambulância, vão dizer que a PM não agiu conforme o protocolo", afirmou o petista, sobre a atuação da polícia comandada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).

    O Movimento Passe Livre, responsável pelos protestos, promete nova manifestação amanhã à tarde na Paulista. Ele é liderado por estudantes e alas radicais de esquerda.

    "O patamar de civilidade é admitir a manifestação, ordená-la para que o direito das pessoas que não participam da manifestação esteja tão assegurado quanto o de quem participa", afirmou Haddad.

    Segundo o prefeito, havia interlocutores dele à disposição quando os protestos iniciaram. "Imaginávamos que haveria um contato deles até para esclarecermos nossa política tarifária, e não houve desejo de interlocução."

    Na quinta-feira, os manifestantes quebraram a entrada de estações na Paulista, após confronto com a PM.

    "Uma pessoa eleita tem que estar aberta ao diálogo, mas o pressuposto disso é a renúncia à violência. Esses atos são incompatíveis com o debate", afirmou.

    Na gestão Gilberto Kassab (PSD), líderes do PT apoiaram o Passe Livre. Questionado, Haddad nega contradição.

    "No passado, o estopim do protesto foram reajustes acima da inflação", disse.

    UTOPIA

    Para Haddad, o movimento não reconheceu o esforço da atual gestão de reajustar a tarifa de ônibus "bem abaixo da inflação" -de R$ 3 para R$ 3,20, alta de 6,7%, contra 15,5% do IPCA acumulado desde o aumento anterior.

    "Todo mundo aumentou para R$ 3,30 no começo do ano e São Paulo segurou até sair a medida provisória da desoneração." Ele se refere à decisão da presidente Dilma Rousseff (PT) de desoneração de PIS e Cofins pagos pelas viações de ônibus.

    O prefeito disse que outras medidas estão em discussão com Estado e União -como a desoneração do ICMS sobre o diesel do transporte público.

    Ele não vê meios de haver tarifa zero, reivindicação do Passe Livre. "Uma bandeira, às vezes, coloca uma utopia, mas que indica um problema que é, no caso, o peso do transporte no bolso do trabalhador."

    O custo do transporte municipal gira em torno de R$ 6 bilhões/ano. "Como não conheço nenhum país, nem escandinavo, que tenha adotado isso [tarifa zero] com dinheiro de petróleo, acho dificílimo."

    Ele sinaliza não ser possível dar mais subsídios às viações de ônibus. "Pagaremos o dobro do consignado no Orçamento que herdei. É mais de R$ 1,2 bilhão."

    PETISTA JUSTIFICA APOIO EM 2011

    Antônio Donato, secretário de Governo da gestão Fernando Haddad, diz que a bancada de vereadores do PT "apoiou a luta do Movimento Passe Livre" dois anos atrás porque a gestão Gilberto Kassab (PSD) havia reajustado a tarifa de ônibus "muito acima da inflação".

    A bancada, diz ele, se insurgiu contra a "exorbitância" do aumento na época.

    "Ingressou com ação na Justiça para anular o reajuste, promoveu audiências públicas e debates sobre o custo do transporte público e apoiou a luta do movimento."

    Ele alega que hoje a situação é diferente, porque Haddad deu reajuste muito abaixo da inflação.

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