Até o ano passado, quando tinha 102 anos, Francisco Scarpa ainda comandava os negócios da família. Foram muitos.
Natural de Sorocaba (SP), Chico, como era chamado, era filho de um imigrante italiano que participou da fundação da Votorantim, mas que abandonou a área de cimentos para se dedicar à indústria têxtil.
Aos 18 anos, foi enviado à Alemanha na companhia do irmão, Nicolau, com o objetivo de se tornar mestre cervejeiro. O pai (também chamado Nicolau) comprara uma cervejaria.
Ao retornar, foi trabalhar na Caracu, a empresa da família em Rio Claro (SP). Ele e o irmão lançariam a primeira cerveja em lata do Brasil, a Skol-Caracu. A fábrica acabaria sendo vendida para a Brahma.
Nos anos 60, Chico foi prefeito de Rio Claro e deputado federal. Mas desistiu da política para se dedicar aos negócios. Porque foram muitos mesmo: fiação, usinas de açúcar, fábricas de bebida (água Lindoya, refrigerante Seven Up, cerveja Londrina), curtume, fazendas e loteamentos.
"Nasceu rico, viveu rico e morreu rico", como lembra a filha Fátima. Quando moço, teve aviões, "adorava as festas e o glamour". Mas não era extravagante, segundo a filha.
É descrito como muito bem-educado, gentil e elegante. Adorava jogar cartas e nadar.
Embora tenha tido uma cervejaria, não era muito de beber, com exceção de champanhe. Muito católico, manteve um educandário e uma creche.
Foi casado com Patsy, com quem teve, além de Fátima, Renata e Chiquinho Scarpa. No ano passado, ficou viúvo e, meses depois, sofreu um acidente vascular cerebral. Morreu na terça (18), aos 103, após parada cardíaca. Teve cinco netos.