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    Apologia ao crime dá lugar ao luxo nas novas músicas de funk

    DE SÃO PAULO

    21/07/2013 01h50

    Sai a letra que fala do ladrão, do roubo, do assassinato de policiais. Entra a que aborda os sonhos de consumo nas "quebradas": o tênis da Nike, o Chevrolet Captiva e os óculos da Oakley.

    Após morte de MC, funkeiros querem colete à prova de bala

    De três anos para cá, o sucesso do funk, que já foi vinculado ao crime, se deve ao estilo chamado ostentação.

    "Na noite, o 'proibidão' não toca, perdeu o terreno. Os donos de bailes não querem criar confusão e os MCs estão conscientes", afirma Cleber Alves, o MC Bio G3.

    Proibidão, também chamado de funk realidade, é o que fala da violência, da "vida loka" dos ladrões, do crime organizado. Está em baixa.

    Idealizador de festivais de funk em Cidade Tiradentes, onde foi subprefeito, o produtor cultural Renato Barreiros diz que os MCs adeptos do estilo que fazia apologia perderam espaço.

    "Os proibidões mostravam a realidade dos músicos de periferia e foram moda, quem não cantava não fazia sucesso. Mas isso acabou", afirma.

    Editoria de Arte/Folhapress
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    Junto com o mais atuante produtor de videoclipes de funk, Konrad Dantas, o Kondzilla, Barreiros fez o documentário "Funk Ostentação".

    Além de mostrar a gênese do estilo que ganhou o país, o filme elenca os nomes mais badalados do gênero. Entre eles hoje, MC Guimê e sua "Plaque de Cem", cujo clipe ultrapassou os 28 milhões de acessos no site YouTube.

    O próprio MC Daleste, que no início de sua carreira fez um funk chamado "Apologia", abandonou o estilo que incitava até a morte de policiais. Ele anunciou a medida por meio de um vídeo no qual pede desculpas por ter cantado letras assim.

    Barreiros explica que o estilo ostentação nasceu em Cidade Tiradentes, entre 2008 e 2009. Na época, havia poucos músicos na capital e o funk era quase exclusividade da Baixada Santista, que importou o gênero do Rio.

    Do litoral paulista, o MC Boy do Charmes, é outro fenômeno da linha carro de luxo/mulher bonita/dinheiro no bolso. No documentário, ele também explica porque os proibidões sumiram.

    "O funk de apologia da Baixada era muito forte, levantava o crime demais. Isso influenciava a criançada a sobreviver do crime", afirma.

    O maior sucesso dele, "Onde eu chego, paro tudo", já teve 25 milhões de visualizações no Youtube.

    Danilo Verpa/Folhapress
    Os MCs Bio G3 e Bó, considerados precursores do estilo funk ostentação
    Os MCs Bio G3 e Bó, considerados precursores do estilo funk ostentação

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