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    Rio de Janeiro

    Algas vermelhas do litoral do Rio não são tóxicas, diz secretário do Ambiente

    DENISE LUNA
    DO RIO

    10/12/2013 11h20

    Recorrentes no verão, as algas vermelhas que estão tomando conta de parte do litoral do Rio não são tóxicas, informou nesta terça-feira (10) à Folha o secretário do Ambiente, Carlos Minc.

    Ele afirma que o aparecimento das algas é um fenômeno natural nas épocas mais quentes do ano, mas admitiu que por se alimentarem de material orgânico, se proliferam mais em ambientes mais poluídos, principalmente onde há lançamento de esgoto.

    As microalgas são trazidas pelas correntes marítimas e pela maré até as praias, quando o mar está batido ela se transforma em espuma, como foi observado no último fim de semana em Angra dos Reis, um dos principais destinos turísticos do Estado.

    Minc afirmou que como as algas não são tóxicas, não existe risco para os banhistas e soluções serão estudadas.

    "As de Angra a gente já analisou e não são tóxicas, e a do Recreio também a princípio não é, mas foi para o laboratório e teremos o resultado mais tarde", disse Minc. "Vamos monitorar", completou.

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    A proliferação das algas é favorecida por períodos de elevação da temperatura e de alta insolação, explica o oceanógrafo David Zee, que teme o aumento do aparecimento do fenômeno nas praias fluminenses pelo volume maior de esgoto lançado no mar, devido ao aumento da população.

    "Nós não estamos preparados para combater esse fenômeno e isso vai ser cada vez mais recorrente porque a zona costeira tem cada vez mais gente", disse Zee.

    Ele sugere que o governo recolha imediatamente o máximo possível das algas que tomaram conta das praias, para evitar o mau cheiro que elas poderão exalar com o tempo.

    Ele explica que a invasão das algas é uma combinação de água quente, sol forte e grandes quantidades de organismos lançados no mar.

    Segundo ele, além da busca de um saneamento básico que não jogue dejetos no oceano, é preciso evitar ao máximo elevar a temperatura do mar. Ele acusa indústrias de utilizam a água do mar para resfriar equipamentos, como acontece em Angra dos Reis, um dos lugares mais afetados pela "praga". Lá estão localizadas as usinas nucleares Angra 1 e 2, que precisam de muita água para resfriar seus geradores.

    "A usina não é a responsável, mas tem sua contribuição por utilizar a água do mar para resfriar o gerador e depois lançar a água aquecida no oceano", explica Zee.

    A Eletronuclear, que opera as usinas afirmou em nota que a formação da espuma que tomou conta das praias de Angra dos Reis nada tem a ver com a operação da empresa. A estatal alega que as usinas estão em operação há 30 anos, "sem qualquer ocorrência semelhante".

    Já segundo Zee, as usinas de Angra deveriam reestudar o plano de reutilização da água. Ele alerta que sem um planejamento, o Rio poderá ter algas em plenas Olimpíadas, se ocorrer um "veranico", por exemplo, que é o fenômeno de um clima quente em pleno inverno do Rio.

    "É preciso formar uma comissão para estudar isso ao longo do ano e adotar medidas preventivas para os próximos anos, ou seremos surpreendidos em plena Olimpíada com algas na praia de Copacabana, se tiver veranico", afirma. "Vai ser um vexame maior do que a violência no final do campeonato (Brasileiro) às vésperas da Copa do Mundo", comparou, referindo-se ao jogo entre Vasco e Atlético/PR, quando três pessoas ficaram gravemente feridas.

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