Situada entre os bairros de Copacabana e Ipanema, dois dos principais destinos turísticos do Rio, a favela do Pavão-Pavãozinho vive uma rotina de tiroteios há pelo menos dois meses, segundo relatam moradores.
Na noite de segunda-feira, traficantes e policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) trocaram tiros, assustando moradores da favela e das ruas do entorno. Por volta das 20h, os policiais patrulhavam uma localidade na favela conhecida como Vietnã quando encontraram com um grupo de traficantes. Houve troca de tiros e os criminosos, de acordo com a PM, lançaram bombas de fabricação caseira contra os policiais, conseguindo fugir.
Não houve feridos, mas o medo que havia desaparecido da região desde os primeiros anos de implantação da UPP, em dezembro de 2009, ressurgiu. "O tiroteio durou 20 minutos e não foi só lá em cima, não. Foi aqui embaixo [perto do asfalto] também. Foi sorte nenhuma bala ter atingido os prédios aqui da volta", disse um porteiro de um prédio nos arredores da favela.
Entre moradores –e especialmente comerciantes– a lei do silêncio é a regra.
Anonimamente, a população que vive e trabalha na rua Sá Ferreira, a pouco mais de uma quadra do posto 5 da orla de Copacabana, admite que a tranquilidade deu lugar à apreensão. "É difícil dizer porque isso está ocorrendo de novo, mas a verdade é que está todo mundo tenso de uns tempos para cá", afirma uma cuidadora de idosos que pediu para não ser identificada.
Embora a área esteja pacificada, moradores afirmam que a localidade conhecida como Vietnã foi retomada pelo tráfico entre outubro e novembro do ano passado, impedindo que PMs circulem na região. A assessoria das UPPs nega a informação e afirma que os policiais têm domínio sobre o trecho no alto da favela.
"Todas as áreas dos morros do Pavão-pavãozinho e Cantagalo são patrulhadas diuturnamente por policiais", afirmou a Secretaria de Segurança.
Em 24 de outubro, outro tiroteio ocorreu no Pavão-Pavãozinho, matando Thomas Rodrigues Martins, 32 anos. Ele foi apresentado pela polícia como criminoso com passagens policiais por roubo, tráfico e porte de arma. Moradores ficaram revoltados com a morte de Thomas. Enquanto agonizava, ele foi levado por moradores e colocado em uma maca improvisada na avenida
Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro. No dia seguinte, o comércio não abriu na rua Sá Ferreira.
[an error occurred while processing this directive]