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    1ª viagem do Metrô feita em São Paulo completará 40 anos

    BRUNO BENEVIDES
    DE SÃO PAULO

    25/01/2014 03h00

    No dia 14 de setembro de 1974 o gaúcho Carlos Acir Chassot teve a responsabilidade de operar a primeira viagem do Metrô de São Paulo.

    De uma sala ao lado da estação Jabaquara, ele utilizou imãs, cada um simbolizando um dos trens, em cima de um painel metálico.

    Por rádio se comunicava com os maquinistas dentro dos carros para saber a localização de cada um. À medida em que fazia isso, ia alterando a posição dos imãs, garantindo que dois trens não ocupassem o mesmo trilho.

    A viagem ocorreu em um sábado e teve a presença de autoridades. A operação para o público, só na segunda-feira seguinte, das 9h às 13h e só em dias úteis. "Precisávamos aprender a operar um metrô na prática", diz Chassot.

    Apesar da novidade, São Paulo estava atrasada em relação a outras grandes cidades da América Latina -Buenos Aires, por exemplo, inaugurou o seu metrô em 1911, e a Cidade do México em 1969.

    O trem percorreu as primeiras sete estações da linha 1- Jabaquara, Conceição, São Judas, Saúde, Praça da Árvore, Santa Cruz e Vila Mariana.

    A cada parada as autoridades desciam para participa de uma cerimônia com fanfarras e desfile de escolas da região.

    "Até então o Metrô fazia duas coisas: gastava dinheiro e fazia buraco" diz Antônio Lazarini, outro dos primeiros operadores do Metrô. Os dois eram mecânicos na Varig e foram recrutados em uma padaria na rua Vieira de Moraes.

    "Paramos para tomar um café e chegou um conhecido nosso da Varig com o Antônio Preto, responsável pelo pessoal do Metrô, e ele nos convidou", explica Chassot. "Entramos no meu fusca e fomos fazer a entrevista".

    "O Metrô pagava o dobro", diz Lazarini. A dupla, com 20 anos na época, estudava na Fatec. Logo depois de contratados, os dois foram tema de uma reportagem da Folha com os responsáveis (na foto ao lado) por operar os trens.

    Leonardo Soares/Folhapress
    Da esq. para a dir., Antonio Lazarini, Carlos Chassot e Alfredo Nery Filho, que estavam na primeira viagem do Metrô
    Da esq. para a dir., Antonio Lazarini, Carlos Chassot e Alfredo Nery Filho, estavam na 1ª viagem do Metrô

    BUZINA DE BICICLETA

    Para aprenderem a operar a novidade, partiram para um estágio de dois meses no México. Durante a viagem, eles perceberam que era necessário um alarme para avisar quando a porta iria fechar, o que não estava planejado.

    A solução foi comprar buzinas de bicicletas para os trens. Os maquinistas tocavam antes das portas se fecharem, impedindo acidentes.

    Lazarini foi o responsável por dirigir o primeiro teste de um trem, ainda em 1972, na presença do então presidente Emílio Garrastazu Médici.

    "Ele veio ver o trem andar automático, que era uma grande novidade, mas na verdade eles mal andavam" diz.

    "O Médici foi lá e apertou o botão e o trem andou. Na verdade, ele apertou o botão, alguém fez um sinal e outra pessoa gritou 'pode andar' e eu operei o trem. Isso que chamaram de automático".

    No início, as dúvidas sobre a viabilidade do metrô existiam até mesmo entre os funcionários da empresa.

    "Quando entrei no Metrô, pensava se aquele negócio iria para frente. Só tive certeza com os trens andando" diz o arquiteto Alfredo Nery, na companhia desde 1973.

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