O adolescente que foi encontrado nu, ferido e acorrentado a um poste no Flamengo, zona sul do Rio, contou neta quarta-feira em depoimento que ele e três outros jovens foram cercados por um grupo de 30 homens, fortes e bem vestidos, que estavam em quinze motos. Um deles estava armado com uma pistola.
No depoimento prestado na noite de hoje na 9ª delegacia de polícia, o menor -de 15 anos- contou que dois de seus companheiros conseguiram fugir do cerco dos motoqueiros.
Ele e outro adolescente, com medo de serem baleados, ficaram no local e começaram a ser agredidos. O caso aconteceu na noite da última sexta-feira (31).
De acordo com o depoimento, os dois levaram vários golpes, alguns deles desferidos com os capacetes que os agressores usavam. Depois de algum tempo, o outro menor conseguiu escapar; ele ficou e continuou a ser agredido.
Muito ferido e já sem roupas, o adolescente foi preso ao poste com a corrente de uma bicicleta.
Entre os vários ferimentos, o jovem tem um corte na orelha, causado, segundo ele, por um golpe de capacete.
O adolescente declarou na delegacia que todos os agressores eram jovens, bem vestidos e muito fortes, com corpo de quem costuma se exercitar com frequência em academias de ginástica. Ainda segundo ele, todos eram brancos, a exceção de um, negro.
"Eu não estava fazendo nada errado", disse o jovem na delegacia. Segundo seu depoimento, os quatro menores seguiam do Flamengo para a praia de Copacabana, onde pretendiam dormir.
Depois de ser libertado da corrente pelos bombeiros, o adolescente foi levado para um hospital no centro da cidade, de onde fugiu após ser atendido.
Reprodução/Facebook/Yvonne Bezerra de Mello | ||
Adolescente foi acorrentado nu após ser agredido a pauladas no Rio |
ABRIGO
Até esta quarta-feira não se sabia de sua localização. Ele reapareceu em um abrigo para meninos de rua mantido
pela Secretaria Municipal de Assistência Social, cuja localização não foi divulgada para manter-se a segurança do jovem agredido.
De acordo com a secretaria de assistência social, o adolescente procurou o abrigo na madrugada de sábado, logo depois de fugir do hospital. Ele já tinha passado pelo lugar outras vezes. Ao chegar, não contou o que tinha acontecido para ninguém.
Na segunda-feira, ele contou sua história para uma assistente social Com quem costumava conversar. A polícia foi então avisada e hoje à noite o jovem relatou o caso oficialmente em depoimento.