A prefeitura instalou 45 canteiros de paralelepípedo ao redor de pilares da linha 1-azul do metrô, no trecho da avenida Cruzeiro do Sul, em Santana (zona norte de São Paulo).
Moradores de rua costumam usar a base dos pilares para dormir.
Segundo a administração municipal, os paralelepípedos foram instalados para proteger os pilares e evitar que sejam acesas fogueiras.
O fogo, diz a prefeitura, abala a estrutura da edificação e prejudica os grafites do local, integrantes do projeto intitulado Museu Aberto de Arte Urbana (MAAU).
A colocação dos paralelepípedos faz parte de uma reformulação do canteiro central da Cruzeiro do Sul, que terá novo calçamento e iluminação reforçada.
Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
Blocos de pedra instalados sob um viaduto da linha 1-azul do metrô para evitar mendigos |
"Acho certo colocar essas pedras aí. Não dá para os mendigos fazerem casa. Tem que ser limpo, para os pedestres", diz a aposentada Maria Cecília Alves Rodrigues, 70.
Um dos artistas responsáveis pelos desenhos, Binho Ribeiro, 42, diz que instituições de caridade deveriam apresentar soluções para os moradores de rua, e não mantê-los onde estão.
"É uma polêmica hipócrita. As pessoas colocam grades e lanças em casa para proteger seu patrimônio."
A aposentada Miraceile Magalhães, 57, ajudava ontem um morador de rua com infecção nos olhos e não gostou do que viu no canteiro. "Se é para instalar pedras, que arrumem antes então um lugar para colocá-los."
CHAMUSCADO
Os blocos ainda não surtiram o efeito desejado e pelo menos três grafites estão chamuscados pelo fogo.
"Não adianta, porque o pessoal vai continuar dormindo por aqui, na grama, que é até mais macia", diz o reciclador Angelo Bertoni, 55, que vive nas ruas da região.
Em 2005, José Serra (PSDB) foi criticado por movimentos populares após instalar "rampas antimendigo" na passagem subterrânea entre a Paulista e a Doutor Arnaldo.