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    Líder de greve da PM na Bahia é preso pela Polícia Federal

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR
    ANDRÉ UZÊDA
    ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
    DE SÃO PAULO

    18/04/2014 17h06

    Um dia depois do acordo que encerrou a greve da Polícia Militar da Bahia, o principal líder da paralisação, soldado Marco Prisco, foi preso na tarde desta sexta-feira (18).

    Vereador em Salvador pelo PSDB e diretor-geral da Aspra, uma das associações de policiais que encabeçaram o movimento grevista, Prisco foi detido pela Polícia Federal em um resort na região da Costa do Sauípe (no litoral norte da Bahia), segundo informações do Ministério Público Federal.

    A prisão, segundo a Procuradoria, que fez o pedido, não tem relação com a greve desta semana, mas com a paralisação anterior da categoria, em 2012.

    Lunae Parracho-6.fev.11/Reuters
    O ex-policial Marcos Prisco, líder da greva na Bahia, preso na manhã desta quinta-feira ao deixar a Assembleia
    Marco Prisco, que foi preso hoje

    O Ministério Público Federal move desde abril de 2013 uma ação penal que resultou na denúncia de Prisco e de outras seis pessoas sob acusação de crimes cometidos durante a greve anterior da PM baiana, que durou 12 dias entre janeiro e fevereiro de 2012.

    O pedido de prisão preventiva do soldado foi feito na última segunda-feira (14). Na terça-feira (15), dia em que começou a greve, a Justiça Federal acolheu o pleito da Procuradoria.

    Em nota, o MPF afirmou que Prisco é processado por "crime político grave" e quer a intenção do pedido de prisão foi "garantir a ordem pública". O vereador será levado para Brasília, onde ficará no Complexo Penitenciário da Papuda. Qualquer recurso contra sua detenção, segundo o MPF, só poderá ser ajuizado no STF (Supremo Tribunal Federal).

    O setor de comunicação da Polícia Federal na Bahia confirmou a prisão de Marco Prisco a pedido da 17ª Vara Federal de Salvador. O vereador foi levado para o aeroporto da capital baiana, de onde segue para Brasília.

    Prisco já havia sido preso após comandar a greve de 2012 da PMs. Durante o movimento, ele liderou uma ocupação na Assembleia Legislativa do Estado. Detido ao desocupar a Casa, ele permaneceu mais de 40 dias preso.

    A Procuradoria acusa Prisco e outros seis policiais de ordenar e comandar "uma série de crimes" que minaram a "segurança e o regime democrático na Bahia" durante a greve de 2012, com o objetivo de obter ganhos políticos nas eleições daquele ano.

    A denúncia cita a prática de crimes como formação de quadrilha, constituição de organização paramilitar, sabotagem de instalações militares, paralisação de serviços essenciais para a defesa e economia do país e estímulo à subversão da ordem política e social.

    Prisco ainda é acusado de violar o Estatuto da Criança e Adolescente pelo fato de, na greve de 2012, os policiais terem levado suas famílias para a Assembleia Legislativa da Bahia, onde promoveram uma ocupação. Para o Ministério Público Federal, mulheres e crianças foram transformados em "verdadeiros escudos humanos".

    ASSOCIAÇÃO CONTESTA

    O vice-presidente da Aspra, Fábio Brito, disse que Prisco foi levado de helicóptero pela PF até o aeroporto de Salvador. O mandado de prisão, segundo ele, determina detenção de 90 dias em um presídio federal de segurança máxima.

    O advogado da Aspra, Diamerson Thiago, classificou a prisão como "arbitrária" e "ilegal".

    "Estamos ingressando com um pedido de soltura dele amanhã mesmo em Brasília. Não se pode esquecer que Prisco é vereador de uma capital, um poder constituído, e não pode ser preso em um presídio de segurança máxima em uma prisão temporária", disse.

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