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    Rio de Janeiro

    Delegado diz que não há indícios de que dançarino foi espancado

    DA AGÊNCIA BRASIL
    DE SÃO PAULO

    24/04/2014 22h56

    O delegado Gilberto Ribeiro, responsável pelas investigações sobre a morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, 26, o DG, disse nesta quinta-feira (24) que, com base nas análises da perícia feitas até o momento, não há indícios de que o jovem tenha sido espancado. Segundo Ribeiro, ele pode ter sofrido escoriações durante queda de uma laje.

    "Ainda vamos aprofundar melhor isso. Vou conversar com o legista e tomar outras providências que me permitam ter uma conclusão definitiva, mas, a priori, pelo tipo de lesão apresentada, não há indicação de espancamento."

    A mãe do dançarino, a técnica de enfermagem Maria de Fátima Silva, defende a tese de que o filho foi torturado antes de morrer.

    A Polícia Civil confirmou ontem (23) que o dançarino foi atingido por um tiro. Segundo laudo do IML, o rapaz morreu devido a uma hemorragia interna decorrente "de laceração pulmonar proveniente de ferimento transfixante do tórax".

    O delegado já ouviu oito policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do morro do Pavão-Pavãozinho, zona sul do Rio, envolvidos no confronto com traficantes. Na terça-feira (22), dia seguinte ao tiroteio, o corpo do dançarino foi encontrado em uma creche na comunidade. Mais um policial prestará depoimento amanhã (25).

    "Hoje estive na quadra onde houve o confronto para entender o local, estive na laje onde supostamente DG se encontrava no momento do confronto e de onde viriam disparos de arma de fogo na direção dos policiais militares", contou o delegado.

    "Não existem divergências, existem lacunas que teremos que procurar preencher com as investigações. Eles [PMs] admitem ter trocado tiros com os criminosos que atiraram na direção deles", completou Ribeiro.

    Segundo o delegado, os policiais disseram ter visto um vulto pulando de uma laje para outra, vizinha à creche onde o corpo do dançarino foi encontrado, e que não atiraram na pessoa.

    Hoje pela manhã foram entregues as armas dos militares usadas no confronto que serão analisadas pela perícia -seis fuzis e dez pistolas.

    O delegado confirmou que a ação da PM no Pavão-Pavãozinho foi feita para encontrar o chefe do tráfico na comunidade, Adauto do Nascimento Gonçalves, 34, o Pitbull, que estava no local segundo informação recebida pelo Disque-Denúncia.

    Ribeiro também investiga as circunstâncias da morte de Edilson Silva dos Santos, 27, na terça-feira à noite durante manifestação para cobrar apuração do caso Douglas. "Essa investigação está prejudicada, pois dependo desse rapaz [testemunha que carregou o corpo] para me indicar o local e ele até agora não o fez."

    ENTERRO

    O corpo do dançarino foi enterrado hoje ao som de funks. DG era dançarino do programa "Esquenta", da TV Globo, e integrante do grupo Bonde da Madrugada.

    A apresentadora Regina Casé foi ao enterro e falou que DG era "excelente profissional, alegre, as crianças amavam". "Se fosse uma pessoa que eu nunca vi na vida, que eu não conhecesse, eu ficaria chocada de qualquer maneira com a forma brutal como foi morto", disse Casé, emocionada.

    O enterro foi marcado também por protestos e faixas dos moradores contra a ação policial. A morte dele já havia causado uma série de protestos na noite da última terça-feira (22), que resultaram na morte de um outro rapaz.

    Após o enterro, um grupo de pessoas que participou da cerimônia fez uma passeata fechando ruas na região de Copacabana, na zona sul do Rio. Houve um princípio de tumulto e policiais militares usaram bombas contra manifestantes. Um adolescente foi apreendido.

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