Há 12 anos, Guilherme Boulos deixou o conforto de casa num bairro de classe média para ajudar a montar barracas em áreas invadidas na Grande São Paulo.
Formado em filosofia, ele ficou conhecido em 2003, quando participou da coordenação da invasão a um terreno da Volkswagem, em São Bernardo do Campo.
Também negociou a saída pacífica da área no dia da reintegração de posse.
Aquela invasão ficou marcada por uma tragédia.
O fotógrafo Luiz Antônio da Costa, conhecido como Lacosta, foi assassinado por assaltantes, que achavam que, na cobertura da invasão, havia fotografado um roubo.
Tercio Teixeira - 16.nov.2013/Folhapress | ||
Guilherme Boulos durante reintegração de terreno próximo à ponte Orestes Quércia, no centro de SP |
De lá para cá, Boulos comandou várias outras invasões, uma delas na região de Taboão da Serra, onde viveu nos últimos anos.
Hoje, aos 31 anos, ele é casado como outra militante sem-teto e tem duas filhas.
Filho do médico Marcos Boulos, professor da USP e um dos principais especialistas em doenças infecciosas e parasitárias do país, o líder sem-teto não fala de sua vida pessoal. Sempre dá entrevistas, mas só para falar de políticas de moradia, do MTST e da Frente de Resistência Urbana.
No ano passado, Boulos se aproximou dos jovens ligados ao Movimento Passe Livre -responsável pela série de protestos pelo país que resultaram na redução da tarifa de ônibus em várias cidades.
Integrantes do movimento contra o preço das passagens de ônibus participaram de atos dos sem-teto, também no ano passado.
Ataques à especulação imobiliária são frequentes nas entrevistas de Boulos. "O discurso oficial que criminaliza os ocupantes e sugere finalidades escusas para as ocupações não convence. É preciso entender o problema mais a fundo para se pensar em soluções", disse em texto publicado na Folha no ano passado.