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    Filósofo, líder dos sem-teto saiu de casa para ser militante

    DE SÃO PAULO

    07/05/2014 02h00

    Há 12 anos, Guilherme Boulos deixou o conforto de casa num bairro de classe média para ajudar a montar barracas em áreas invadidas na Grande São Paulo.

    Formado em filosofia, ele ficou conhecido em 2003, quando participou da coordenação da invasão a um terreno da Volkswagem, em São Bernardo do Campo.

    Também negociou a saída pacífica da área no dia da reintegração de posse.

    Aquela invasão ficou marcada por uma tragédia.

    O fotógrafo Luiz Antônio da Costa, conhecido como Lacosta, foi assassinado por assaltantes, que achavam que, na cobertura da invasão, havia fotografado um roubo.

    Tercio Teixeira - 16.nov.2013/Folhapress
    Guilherme Boulos durante reintegração de terreno próximo à ponte Orestes Quércia, conhecida como Estaiadinha, em São Paulo
    Guilherme Boulos durante reintegração de terreno próximo à ponte Orestes Quércia, no centro de SP

    De lá para cá, Boulos comandou várias outras invasões, uma delas na região de Taboão da Serra, onde viveu nos últimos anos.

    Hoje, aos 31 anos, ele é casado como outra militante sem-teto e tem duas filhas.

    Filho do médico Marcos Boulos, professor da USP e um dos principais especialistas em doenças infecciosas e parasitárias do país, o líder sem-teto não fala de sua vida pessoal. Sempre dá entrevistas, mas só para falar de políticas de moradia, do MTST e da Frente de Resistência Urbana.

    No ano passado, Boulos se aproximou dos jovens ligados ao Movimento Passe Livre -responsável pela série de protestos pelo país que resultaram na redução da tarifa de ônibus em várias cidades.

    Integrantes do movimento contra o preço das passagens de ônibus participaram de atos dos sem-teto, também no ano passado.

    Ataques à especulação imobiliária são frequentes nas entrevistas de Boulos. "O discurso oficial que criminaliza os ocupantes e sugere finalidades escusas para as ocupações não convence. É preciso entender o problema mais a fundo para se pensar em soluções", disse em texto publicado na Folha no ano passado.

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