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    Bebê vai aos Estados Unidos para transplante após R$ 2 mi em doações

    NATÁLIA CANCIAN
    DE SÃO PAULO

    19/10/2014 02h00

    Uma mensagem apita no celular. Na tela, aparece a imagem de um menino miudinho que atravessa o corredor do hospital infantil Sabará, em São Paulo, no colo da mãe. Sorri ao olhar-se no espelho do elevador.

    É Pedrinho, 1, o protagonista de uma campanha virtual que, em apenas cinco meses, arrecadou cerca de US$ 2 milhões em doações de voluntários de todo o país para o tratamento de uma síndrome que leva à desnutrição.

    Agora, o dinheiro será usado para um transplante de intestino delgado, que será realizado nos Estados Unidos, segundo relata o pai, Roger Baragão Souza, 41.

    No Brasil, o procedimento não está disponível regularmente e só é feito por médicos de forma experimental, de acordo com o pediatra Mauro Toporovski, especialista em gastroenterologia.

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Camisa da seleção brasileira com autógrafo de Neymar, que foi doada à família do menino Pedrinho
    Camisa da seleção brasileira com autógrafo de Neymar, que foi doada à família do menino Pedrinho

    Foi no dia das crianças que o garoto, cuja história de vida e necessidade para continuá-la reuniu 320 mil apoiadores nas redes sociais, conseguiu passear pela primeira vez ao embarcar em um avião rumo ao exterior.

    "Ele nunca foi para casa. Só via as coisas pela janelinha do hospital", relata o pai.

    Desde que nasceu, Pedrinho nunca viveu noutro lugar. A primeira cirurgia foi aos cinco dias de vida, quando teve que retirar a maior parte do intestino, necrosado após uma má-formação.

    "Sobrou só uma parte muito pequena", diz Toporovski, que cuidou da dieta do garoto no início do tratamento.

    A viagem foi doada pela Global Aviation e registrada em fotos e vídeos de voluntários desde o momento em que Pedrinho deixou o hospital em São Paulo.

    Dois médicos e uma enfermeira acompanharam o trajeto, segundo a empresa.

    APOIO VIRTUAL

    Durante a campanha, Pedrinho, que sofre da síndrome do intestino curto, também ganhou apoio de artistas, como Valesca Popozuda e da dupla Chitãozinho e Xororó, além de jogadores da seleção brasileira e de times paulistas de futebol –alguns o visitaram no Sabará.

    "Mas o maior montante veio da ação do povo, que doou um pouquinho aqui e ali", afirma.

    Nos Estados Unidos, Pedrinho deve ficar aos cuidados de uma equipe médica no Jackson Memorial Hospital, de Miami, enquanto aguarda na fila por um órgão.

    Os exames foram iniciados nesta semana. Ainda não há previsão de quando ocorrerá o transplante –a expectativa dos médicos e da família é que ocorra em até dois anos.

    Nada que desanime o pai e a multidão de voluntários que o acompanha. "Tenho certeza que ele vai ficar curado", diz Souza.

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