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    Cadeirante se arrasta por escada de avião para poder embarcar

    JAIRO MARQUES
    DE SÃO PAULO

    02/12/2014 07h14

    Divulgação
    A cadeirante Katya Hemelrijk da Silva, 38, não aceitou ser levada no colo e se arrastou para subir em avião
    A cadeirante Katya Hemelrijk, 38, não aceitou ser levada no colo e se arrastou para subir em avião

    Katya Hemelrijk da Silva, 38, executiva de uma grande empresa de cosméticos e mãe de dois filhos, teve de se arrastar ao longo de 15 degraus para conseguir embarcar em uma aeronave da Gol, na madrugada desta segunda-feira (1°), em Foz do Iguaçu (PR).

    Vítima de uma doença genética rara conhecida como "síndrome dos ossos de cristal", a osteogenese imperfeita, que deixa os ossos muito frágeis, Katya é cadeirante e precisava de um equipamento especial para entrar no avião com segurança, o que não estava disponível.

    Ela seguia com o marido, Ricardo Severiano da Silva, para São Paulo, onde mora e trabalha, após um final de semana de passeio no Paraná.

    Quando os aeroportos não possuem pontes de embarque –plataformas elevadas que chegam até a porta do avião–, o acesso de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida deve ser realizado em cadeiras especiais que escalam os degraus ou mesmo em ambulifit (veículo equipado com elevador).

    "Ofereceram para me carregar no colo, o que não aceitei. É uma humilhação e há risco de me machucar com gravidade, de quebrar uma perna por me pegarem de forma errada. Como não havia condições dignas para que eu embarcasse, subi por conta própria. Fui me arrastando, de bumbum", disse Katya.

    Segundo a executiva, foi dada a ela a opção de esperar por cerca de quatro horas até que um equipamento de auxílio estivesse pronto para o uso, o que ela não aceitou.

    Ela esperou que todos os passageiros embarcassem, vestiu uma calça com tecido leve e enfrentou a subida, que durou cerca de cinco minutos, sob os olhos de uma tripulação "incrédula e apavorada" com a atitude.

    "Tenho responsabilidades como qualquer outra pessoa. Começo a trabalhar às 8h, tenho meus filhos para cuidar. Não poderia me dar ao luxo de esperar até que encontrassem uma solução."

    Além da roupa suja e uma chuva de olhares curiosos, Katya afirma ter ficado com dores nas pernas.

    OUTRO LADO

    A Gol informou que o seu equipamento de embarque não estava disponível e que tentou, sem sucesso, consegui-lo com outras empresas.

    A companhia afirmou que ofereceu "alternativas" à cliente, que optou por subir as escadas sozinha. "A Gol lamenta o ocorrido e tomará as medidas necessárias para evitar que casos como este voltem a acontecer."

    A Infraero, que administra o aeroporto de Foz do Iguaçu, informou que "procedimentos de embarque e desembarque são responsabilidade das empresas aéreas".

    A partir do ano que vem, segundo a empresa, haverá melhorias nesses procedimentos, com a aquisição de 15 ambulifits. O aeroporto paranaense será beneficiado.

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