Com o espaço cada vez mais disputado, os desfiles de blocos de Carnaval no Rio aos poucos ganham um "segundo andar". As oficinas de perna de pau se espalharam no último ano e elevam cada vez mais os foliões.

Há mais de dez anos, os blocos têm integrantes desfilando em pernas de pau. No início do século, o Gigantes da Lira instituiu seu casal de mestre-sala e porta-bandeiras "pernaltas". O Escravos da Mauá também criou uma ala exclusiva para eles.

A expansão se intensificou no fim de 2013, quando a Orquestra Voadora começou a oferecer oficinas em seus ensaios no pré-Carnaval.

	Ricardo Borges/Folhapress
	Aluna faz aula de perna de pau na praça São Salvador, no Rio, em ensaio para o Carnaval

"No ano passado, foram uns 40 de perna de pau. Neste ano, estou até preocupado", disse Guilherme Stutz, 30, membro do Coletivo Pernalta, que oferece oficinas.

Com a febre, diversos blocos passaram a oferecer aulas associadas aos ensaios. Na quinta-feira (15), Raquel Poti ensinava os primeiros passos para alunas na praça São Salvador, em Laranjeiras (zona sul), antes do ensaio do bloco Terreirada Cearense.

"Minha filha fez há um tempo e decidi tentar", disse a administradora Norma Lerner, 53. A perna de pau eleva o folião em até 1,20 metro.

Nas aulas, os iniciantes começam com 30 centímetros. "É bom para dar segurança", diz Raquel.

Na Orquestra Voadora, alguns músicos decidiram combinar a apresentação com o desfile de perna de pau.

"Podemos ser vistos à distância", disse o saxofonista André Ramos, 33, que carrega o instrumento de 9 quilos do alto de 90 centímetros.

Num verão com sensação térmica que se aproxima dos 50º C, Raquel, que mede 1,48 metro, adiciona outra vantagem: "No alto, é muito mais fresco".