Então, assim de repente, após um ano de intenso flerte, o paulistano se dá conta que pouco importa onde ou o que quer que esteja fazendo, ela não vai mais deixá-lo.
Até mesmo no motel, acompanhado, vai ser impossível esquecê-la. Basta olhar, por exemplo, para a banheira de hidromassagem. Ela vai estar lá: a pior crise hídrica da história de São Paulo.
Como sair dessa relação vai ser impossível (ao que tudo indica por um longo tempo) o melhor mesmo é relaxar e aprender pequenos truques para melhorar a convivência.
Em alguns motéis o primeiro passo para isso já está sendo dado. Válvulas para reduzir a pressão dos chuveiros, campanhas de conscientização e opções de estadia mais baratas caso não usem a banheira são algumas delas.
EMILIANO CAPOZOLI/FOLHAPRESS | ||
Piscina no motel Lush, na zona sul de SP, que criou multa para quem gastar muita água |
No Lush, no Ipiranga, zona sul de São Paulo, além da água de reúso captada da chuva, e de banheiras que desligam sozinhas impedindo o desperdício, festinhas e exageros que resultem na necessidade de o motel ter que gastar mais água do que o normal resultam em multa.
Funciona assim. Os clientes, por exemplo, se hospedam numa das suítes do local que têm piscina, por algum motivo que cabe só a eles saber, acabam se animando demais e a água da piscina fica completamente inutilizável (isso acontece, acredite): multa de R$ 200.
O mesmo vale para situações como abandonar garrafas de vinho quebradas pelo chão ou inundar o quarto (isso também acontece).
Informalmente, outros dois motéis, na zona oeste da capital, confirmaram à Folha que adotam a sobretaxa.
"O ideal seria não ter que existir a sobretaxa nesses casos, mas é um bem escasso, e é importante que o cliente também faça a parte dele", diz Leonardo Dib, um dos diretores do Lush.
Ele explica que a água das piscinas é filtrada ininterruptamente 24 horas por dia.
Ao contrário de outros motéis que contam com poços artesianos, o Lush usa água da Sabesp. Felipe Martinez, também diretor, explica que o gasto mensal com o recurso é de cerca de R$ 4.000.
Com a crise, alguns hábitos foram mudando, ele diz. "Já aconteceu de clientes nos ligarem antes de vir para ter certeza que não está faltando água por aqui."
INCENTIVO
Em São Paulo, a associação do setor também passou a tratar do problema abertamente com as empresas.
"Além de válvulas redutoras de pressão em chuveiros, vamos sugerir aos associados que desliguem o registro das banheiras de hidromassagem e reduzam o valor das suítes", diz Humberto Sammarco, presidente da Apam (Associação Paulista de Motéis).
"Caso o cliente opte por utilizar a banheira, vai arcar com a diferença entre o preço cheio e o reduzido e o registro será aberto por tempo determinado, suficiente para encher a banheira. O cliente que não desperdiça em casa também não vai desperdiçar no motel", diz Sammarco.