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    Crise da água

    Motéis de SP criam multa contra desperdício em banheiras e piscinas

    EMILIO SANT'ANNA
    DE SÃO PAULO

    08/02/2015 02h00

    Então, assim de repente, após um ano de intenso flerte, o paulistano se dá conta que pouco importa onde ou o que quer que esteja fazendo, ela não vai mais deixá-lo.

    Até mesmo no motel, acompanhado, vai ser impossível esquecê-la. Basta olhar, por exemplo, para a banheira de hidromassagem. Ela vai estar lá: a pior crise hídrica da história de São Paulo.

    Como sair dessa relação vai ser impossível (ao que tudo indica por um longo tempo) o melhor mesmo é relaxar e aprender pequenos truques para melhorar a convivência.

    Em alguns motéis o primeiro passo para isso já está sendo dado. Válvulas para reduzir a pressão dos chuveiros, campanhas de conscientização e opções de estadia mais baratas caso não usem a banheira são algumas delas.

    EMILIANO CAPOZOLI/FOLHAPRESS
    Piscina no motel Lush, na zona sul de SP, que criou multa para quem gastar muita água
    Piscina no motel Lush, na zona sul de SP, que criou multa para quem gastar muita água

    No Lush, no Ipiranga, zona sul de São Paulo, além da água de reúso captada da chuva, e de banheiras que desligam sozinhas impedindo o desperdício, festinhas e exageros que resultem na necessidade de o motel ter que gastar mais água do que o normal resultam em multa.

    Funciona assim. Os clientes, por exemplo, se hospedam numa das suítes do local que têm piscina, por algum motivo que cabe só a eles saber, acabam se animando demais e a água da piscina fica completamente inutilizável (isso acontece, acredite): multa de R$ 200.

    O mesmo vale para situações como abandonar garrafas de vinho quebradas pelo chão ou inundar o quarto (isso também acontece).

    Informalmente, outros dois motéis, na zona oeste da capital, confirmaram à Folha que adotam a sobretaxa.

    "O ideal seria não ter que existir a sobretaxa nesses casos, mas é um bem escasso, e é importante que o cliente também faça a parte dele", diz Leonardo Dib, um dos diretores do Lush.

    Ele explica que a água das piscinas é filtrada ininterruptamente 24 horas por dia.

    Ao contrário de outros motéis que contam com poços artesianos, o Lush usa água da Sabesp. Felipe Martinez, também diretor, explica que o gasto mensal com o recurso é de cerca de R$ 4.000.

    Com a crise, alguns hábitos foram mudando, ele diz. "Já aconteceu de clientes nos ligarem antes de vir para ter certeza que não está faltando água por aqui."

    INCENTIVO

    Em São Paulo, a associação do setor também passou a tratar do problema abertamente com as empresas.

    "Além de válvulas redutoras de pressão em chuveiros, vamos sugerir aos associados que desliguem o registro das banheiras de hidromassagem e reduzam o valor das suítes", diz Humberto Sammarco, presidente da Apam (Associação Paulista de Motéis).

    "Caso o cliente opte por utilizar a banheira, vai arcar com a diferença entre o preço cheio e o reduzido e o registro será aberto por tempo determinado, suficiente para encher a banheira. O cliente que não desperdiça em casa também não vai desperdiçar no motel", diz Sammarco.

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