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    Campeonato mundial de cubo mágico em SP reúne ídolos e fãs do 'esporte'

    ADRIANO MANEO
    CHICO FELITTI
    DE SÃO PAULO

    19/07/2015 22h31

    "Não acredito que vou conhecer o Chan", diz o marmanjo de 21 anos, fã de um montador de cubos mágicos, pedindo uma foto com o ídolo.

    Em seguida, pega no colo o quarto homem mais rápido da Terra em resolver com os pés o enigma em forma de brinquedo –leva 43 segundos.

    Chan Hong Lik tem sete anos e figurou entre a elite do Campeonato Mundial de Cubo de Rubik (ou cubo mágico), realizado no fim de semana na Vila Mariana (zona sul de São Paulo).

    Mais de 400 competidores de 40 países tomaram as salas e o auditório do colégio Etapa para as disputas, que poderiam chacoalhar o ranking da categoria.

    Na hora da disputa, competidores se sentam um ao lado do outro, de frente para a plateia. Alguns usam fones de ouvido –sem música, que não é permitida– para bloquear qualquer ruído que possa desconcentrá-los. Fiscais cercam os atletas enquanto eles juntam todas as peças de uma mesma cor em cada face do objeto, com um cronômetro digital mostrando o desempenho.

    O silêncio só é rompido pelo zunir das superfícies plásticas rodando e por eventuais salvas de palma, como quando Gabriel Campanha, 16, um brasileiro entre a nata mundial, resolveu com os pés um cubo de três fileiras por face (ou um 3x3x3, no jargão da categoria) em 29,99 segundos.

    CELEBRIDADE

    No evento mais esperado do fim de semana, a final do 3x3x3, o auditório estava abarrotado. Os mais de 400 lugares não foram suficientes para acomodar a horda de fãs que teve que se espalhar pelo chão dos corredores para ver a estrela-mor do cubo mágico, o australiano Feliks Zemdegs, 19, conquistar o título pela segunda vez. Ele havia sido o campeão na última edição do mundial em 2013 –que aconteceu em em Las Vegas, nos EUA.

    A fama no Brasil não parecia surpreendê-lo. Questionado se esperava o assédio que sofreu dos brasileiros, disse: "Sim, até que eu esperava", enquanto era rodeado por fãs que tentavam tirar uma casquinha do ídolo.

    Enquanto caminhavam em meio aos visitantes, a elite da categoria era facilmente reconhecida pelos entusiastas presentes. Enquanto contava à Folha sobre seu título mundial em 2011, em Bangcoc, o polonês Michal Pleskowickz, 20, era constantemente interrompido para dar autógrafos. O americano David Hays, também se destacou, após ter batido o recorde mundial na modalidade 6x6x6 com o tempo de 1min45s98.

    No Brasil, um dos principais nomes do cubo mágico é o mineiro Pedro Henrique da Silva Roque, 20, que bateu os recordes sul-americanos nas modalidades 4x4x4 e 5x5x5. Ele também é detentor do recorde na modalidade 3x3x3.

    Enquanto falava à Folha, o jovem –que é patrocinado por um portal na internet especializado em hobbies como ioiôs, bumerangues e cubos mágicos– passava o telefone a fãs que queriam inclui-lo em grupos de redes sociais de cubistas. Eles planejam organizar uma competição em Minas Gerais.

    Como não poderia deixar de acontecer num evento de entusiastas de matemática, os prêmios eram baseados em fórmulas: cada campeão ficava com uma porcentagem do dinheiro arrecadado com as inscrições, que ia de 0,40% a 10% do total arrecadado.

    FORMAS

    Os três melhores no cubo clássico também ganharam um troféu especial em madeira em forma de hexaedro regular –também conhecido como cubo.

    Entre as várias categorias, há cubos com duas até sete fileiras por face, além de uma pirâmide, um dodecaedro –forma geométrica de doze faces– e até mesmo modalidades em que os participantes resolvem os quebra-cabeças com os pés, com apenas uma das mãos e até vendados –sem poder ver o cubo enquanto o resolvem.

    Nos corredores, era comum ver gente andando com os olhos para a frente, enquanto soluciona um cubo com as duas mãos, fora do campo de visão. "Assim é que treino para resolver com os olhos fechados", conta Ana Carla, 17, que competiu na modalidade "no escuro".

    Alberto Chan, 41, pai do garoto Chan, de sete anos, olhava a cena de tietagem com um sorriso: "É uma felicidade, né? Todo pai quer que o filho seja melhor que ele. E nesse caso, ele é bem melhor: leva 13 segundos para montar um cubo clássico, e eu preciso de 45 segundos."

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