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    Promotoria e polícia fazem parceria para apurar mortes em série em SP

    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    15/08/2015 14h30

    As cúpulas do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e do Ministério Público Estadual acertaram uma parceria para investigar os ataques que resultaram em 18 mortes em série em Osasco e Barueri (Grande SP) na noite de quinta (13).

    A ação conjunta de policiais e promotores foi definida para tentar esclarecer os crimes de forma mais rápida e para conter eventual reação de revide que preocupa as duas instituições, com nova guerra entre PMs e criminosos no Estado, como em 2012.

    Um dos grupos designados pelo procurador-geral de Justiça, Márcio Elias Rosa, tem experiência em apuração de crimes de policiais. A principal linha de investigação da chacina é que ela tenha sido uma retaliação à morte de um PM durante um assalto.

    Essa equipe da Promotoria, chamada de Gecep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), participará de trabalhos de campo e fora da capital pela primeira vez –geralmente, ele só atua na cidade e separado da polícia.

    "A melhor estratégia agora é acompanhar a investigação pari passu para otimizar, para agilizar a apuração. Melhor do que o Ministério Público realizar uma investigação paralela é ele acompanhar o trabalho feito pela polícia. Desde o início. O importante é uma resposta rápida", disse Elias Rosa à Folha.

    A tratativa da autuação da Promotoria nessa investigação foi feita entre ele e Alexandre de Moraes, secretário da Segurança de Alckmin, horas depois dos ataques em série, ainda na tarde de sexta-feira (14).

    Até a manhã deste sábado (15), quando a maioria das vítimas foi enterrada, nenhum suspeito havia sido preso.

    Além do grupo do Ministério Público especializado em investigação de policiais, também participarão equipes do Gaeco (que investiga crime organizado), dois promotores criminais de Osasco e um de Barueri.

    Cápsulas de quatro diferentes calibres de armas foram encontradas em oito dos dez locais onde ocorreram ataques, segundo laudo parcial do IC (Instituto de Criminalística). São eles: 9 mm (de uso das Forças Armadas), 38 e 380, de uso de guardas civis metropolitanos, e 45 (de uso restrito).

    Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), a Polícia Militar do Estado de SP não usa armas dos calibre encontrados, sendo a mais comum na corporação a pistola .40. Já na Polícia Civil, a calibre já está em desuso.

    Oficialmente, além da possibilidade de a chacina ter sido uma retaliação à morte de um sargento em um posto de combustíveis em Osasco, é investigada eventual relação com a morte de um guarda civil de Barueri e, por fim, uma ação ligada ao tráfico.

    Em grupos de mensagens de PMs, segundo a Folha apurou, os próprios policiais informaram entre eles da possível "represálias" dos criminosos. "QAP [prontidão] total... repasse aos grupos".

    Frases semelhantes foram enviadas por esses grupos em 2012 na guerra não declarada entre PMs e criminosos.

    Naquele ano, houve uma disputa entre criminosos e policiais, durante meses, que levou à morte de uma centena de policiais, além de criminosos e inocentes em diversas áreas do Estado. A crise foi agravada por uma sequência de retaliações de bandidos à ação da polícia e vice-versa.

    Vinte e quatro chacinas ocorreram na Grande SP, com 80 mortes. Houve elevação das taxas de homicídio em 2012 e a queda do então secretário Antônio Ferreira Pinto.

    A SSP afirmou neste sábado, em nota, que o reforço no policiamento será mantido na região com 43 viaturas da Rota (tropa especial da Polícia Militar), do COE (Comando de Operações Especiais) e da Força Tática, "totalizando 83 PMs, para garantir a segurança da população".

    Editoria de Arte/Folhapress
    Mapa das mortes em Osasco e Barueri
    Mapa das mortes em Osasco e Barueri

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