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    Não há política para motociclistas, diz presidente de sindicato

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    26/08/2015 15h55

    O sindicato dos motociclistas de São Paulo, SindimotoSP, convocou um protesto nesta quarta-feira (26) por melhores condições para a categoria.

    A organização espera 5.000 motociclistas no ato. A manifestação começa no Brooklin, zona sul da cidade, vai até a prefeitura e encerra na Câmara Municipal no começo da noite.

    Os motociclistas pedem a criação de faixas exclusivas para motos e que a prefeitura volte atrás na redução de velocidade máxima em algumas vias da capital, entre outras reivindicações.

    Para Gilberto Almeida, presidente do sindicato, a redução visa arrecadar dinheiro para a prefeitura com multas. "Vai ter uma epidemia de trabalhadores motociclistas que não vão conseguir licenciar suas motos de tanto tomar multa", afirma.

    Leia a entrevista abaixo.

    *

    Folha - Qual o motivo do protesto desta quarta-feira?
    Gilberto Almeida - Hoje nós protestamos para que a prefeitura crie uma política pública voltada para os motociclistas e os motofretistas da cidade de São Paulo, o que hoje não existe. Reivindicamos várias coisas, como a criação de uma faixa de segurança para motos, assim como existem as de bicicletas; a regulamentação do corredor virtual; a regulamentação de motofretes; investimento e treinamento voltado a pilotagem segura e educação no trânsito, em vez da punição com a redução de velocidade brusca da forma que a prefeitura fez; estacionamento para motos no centro, temos 1,1 milhão de motos na cidade e pouco mais de 20 mil vagas; e fiscalização das empresas clandestinas de motoboys, inclusive as de aplicativos eletrônicos.

    Pesquisas da prefeitura mostram que o número de acidentes diminuiu nas vias que tiveram a velocidade máxima reduzida. Isso não é benéfico para os motociclistas?
    Do nosso ponto de vista, a prefeitura está a fim de arrecadar mais com uma classe miserável, que mal está conseguindo arrumar dinheiro para se sustentar, levar o pão de cada dia para casa. Nós não somos a favor da velocidade. Mas da forma que a prefeitura implantou, e na sequência já distribuiu radar para tudo quanto é canto, isso vai ter um efeito colateral. Vai ter uma epidemia de trabalhadores motociclistas que não vão conseguir licenciar suas motos de tanto tomar multa. A velocidade tem que ser reduzida, mas isso teria que ser feito, do nosso ponto de vista, de maneira gradativa, ano a ano. Foi muito brusca a redução.

    O que deveria ter sido feito antes das reduções de velocidade?
    A medida precisava ser acompanhada de uma campanha de educação voltada para os motoristas. Existem pesquisas que mostram quais fatores levam a acidentes com motocicletas. A velocidade é uma das vilãs, mas não é a única. Tem a qualidade da via, a culpabilidade do motorista e do motociclista, a sinalização e outros fatores.
    O argumento que a prefeitura está usando para poder reduzir a velocidade e proibir a circulação de motos em determinadas avenidas é um argumento que o sindicato não concorda. É tomar uma medida drástica. Para acabar com o carrapato, mata a vaca. É dessa forma que a prefeitura quer resolver o problema dos acidentes.

    A situação dos motociclistas já foi melhor em gestões anteriores?
    Na gestão Serra, a gente conseguiu o corredor da rua Vergueiro e da avenida Sumaré. Na gestão Kassab, o corredor Vergueiro-Liberdade. Na gestão Haddad, ele tirou e deu lugar para ciclofaixas, que estão vazias. Não tenho nada contra bicicletas, sou ciclista de final de semana. As ciclofaixas tem que ser feitas, mas de uma maneira mais gradativa, mais devagar, ligando parque a parque, por exemplo. No centro a gente até vê gente usando, mas na zona sul, onde eu moro, ninguém usa, nem em final de semana.

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