O cobrador Alex Henrique da Silveira, 20, soltou pela boca um tufo de fumaça com cheiro de frutas. Todo imponente, olhou para os lados para conferir se havia sido notado. "As minas vê nós fumando e já encosta. Peguei muitas assim. Narguilé é a nova moda", conta.
Silveira, morador de Parelheiros (zona sul da capital), era um entre dezenas de jovens que ostentavam narguilés pelo parque do Ibirapuera (zona sul) durante um rolezinho realizado no local neste domingo (28).
"Todo mundo olha quando você está usando", disse o chaveiro Augusto César Oshiro, 22, ao lado de um dos cachimbos e de uma placa com os dizeres "Me aprecie com moderação."
A maioria dos cachimbos de água vistos pelo parque era artesanal: montados pelos donos e, por isso, de tamanhos e formatos diferentes. "Não gastei nada neste. A base era um vaso de flor e, o resto, fui ganhando", disse um adolescente de 17 anos em meio a baforadas, tentando "bolinhas" e "furacões".
Também era possível encontrar alguns equipamentos bem elaborados, como um de R$ 750 de Felipe Spera, 18, que há um mês montou uma loja apenas voltada para a venda de narguilés. "Quando chegam para ver aqui de perto, eu já dou logo um cartão", afirma o vendedor.
Todos os entrevistados pela Folha disseram só usar essências de frutas como abacaxi, laranja e limão, embora fosse possível sentir odor de maconha em algumas rodas. Em campanha de orientação, o Ministério da Saúde diz que o narguilé, embora pareça inofensivo, pode ser mais prejudicial que o cigarro.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que o rolezinho recebeu um público estimado de 5.000 pessoas. Não foi informado se houve registro de ocorrências graves. Em janeiro, um evento semelhante organizado por jovens pela internet reuniu cerca de 70 mil pessoas. Arrastões e dois estupros foram registrados no local.