Em três dias, um vídeo de 1h20 sobre Adolf Hitler bateu a marca de 1 milhão de visualizações no YouTube. O material foi divulgado entre vídeos sobre a banda Mamonas Assassinas e o filme Jurassic Park, temas já abordados no Canal Nostalgia.
Com 5,8 milhões de inscritos, o site tem como foco a cultura pop de décadas passadas, mas decidiu lançar um produto de viés educativo.
"Antigamente não tinha muita escolha para buscar informações. E hoje tem muita gente compartilhando informação errada", diz Felipe Castanhari, 26, dono do canal.
Até esta segunda (29), o vídeo sobre Hitler tinha 2,4 milhões de visualizações, marca semelhante à de materiais sobre Star Wars. A maior parte do público tem de 17 a 24 anos, mas os assuntos e a abordagem também atraem os mais jovens.
Adriano Vizoni/Folhapress | ||
Felipe Castanhari, ídolo teen do YouTube que faz sucesso com aula de historia |
Um dos episódios narrados no vídeo é a vitória do corredor negro Jesse Owens na competição de 100 metros na Olimpíada de Berlim, em 1936. "Você acha que ele [Hitler] foi lá, desceu, foi dar a medalhinha pro cara? Está enganado: Hitler foi bem cuzão e saiu fora do estádio antes mesmo que as pessoas pudessem perceber", narra.
Com uma equipe de roteiristas, Castanhari, formado em animação digital, diz que a aula passou pelo crivo de uma historiadora. A iniciativa foi elogiada por quem também trata de conteúdo semelhante na sala de aula.
"A ideia de que existe um conteúdo pronto, fixo, que deve ser transmitido por aulas expositivas é algo que está morrendo", avalia Gianpaolo Dorigo, supervisor de história do curso Anglo.
Se há dez anos o uso de celular em sala de aula era motivo de irritação do professor, hoje o aparelho já é visto como uma opção de pesquisa entre os alunos, diz. "Às vezes cito de propósito alguma coisa esquisita e já vejo as pessoas se movendo."