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    Transição Paulistana

    Para eleitores tucanos, Doria manter velocidade pode ser até 'traição'

    FERNANDA MENA
    DE SÃO PAULO

    11/10/2016 02h00

    O trânsito de São Paulo irritou o representante comercial Otacílio Bueno de Souza Júnior, 58, antes mesmo de ele entrar no carro na manhã desta segunda-feira (10).

    Ainda em casa, ouviu no rádio que o prefeito eleito, João Doria (PSDB), cogita manter em 50 km/h a velocidade em trechos da pista local das marginais Pinheiros e Tietê. "Fiquei muito bravo. E me senti traído", disse ele, que votou em Doria pela promessa da campanha "Acelera SP" de retomada das velocidades antigas das marginais, reduzidas pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em julho de 2015.

    "Acho um absurdo essas velocidades reduzidas e acho um absurdo ele prometer e pular fora. Está traindo o voto de muita gente", bravejou. "Passo quase todos os dias pelas marginais. Bicicleta ou transeunte que estiver ali é por sua conta e risco. Marginal é lugar de carro."

    O número de mortos em acidentes na marginal Tietê tiveram queda de 33% entre 2014 e 2015. Na marginal Pinheiros, a queda foi de 42%.

    VAIVÉM NAS MARGINAIS

    A técnica de unhas Janete Vieira, 57, é outra eleitora de Doria que se diz "chateada" e "com raiva" após a sinalização de recuo do futuro prefeito da capital paulista. "Não tem condições de a gente andar a 50 km/h na marginal! Até os ônibus parecem mais rápidos", diz. "É muito ruim ele descumprir sua palavra tão rápido."

    É por episódios como este que a empresária Sueli Lopes de Oliveira, 50, admite ter anulado seu voto. "A campanha do Doria foi toda em cima disso, e agora ele recua. O que político fala não se escreve mesmo", disse ela, ignorando o fato de o tucano ter insistido que não é um político, mas um gestor.

    A engenheira Elaine Martins, 41, pega a marginal Tietê, com o filho no banco de trás, todas as noites e diz que se incomoda de dirigir a apenas 50 km/h na pista local. "É uma velocidade muito reduzida. Quando passo por baixo dos viadutos, me sinto muito insegura", afirma.

    Ela diz que a promessa de Doria de aumentar os limites de velocidade das marginais eram "a única proposta com que concordava". "Estou decepcionada", disse.

    Já o gerente comercial Alexandre Simioni, 45, que corta as marginais diariamente e votou em Doria, não vê tanto contrassenso se o tucano mantiver a velocidade de 50 km/h em alguns trechos. "Não é positivo ele já voltar atrás neste ponto. Mas, se ele me der a opção de andar na marginal de ponta a ponta, pela pista expressa, a 90 km/h, tudo bem", afirma.

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