As duas faixas de sinalização amarelas pintadas na rua Diogo Botelho, na Vila Guilhermina (zona leste de SP), desviam de um buraco, fazem uma curva para passar em meio a outros dois e driblam o último, em um zigue-zague que confunde motoristas.
Normalmente, a faixa serviria apenas para delimitar os dois sentidos em uma mesma via. Na rua da zona leste, ao modificá-la, moradores encontraram um jeito de chamar a atenção para a buraqueira e a falta de sinalização.
"Isso aí é um protesto. Porque mudaram o sentido de várias ruas, trazendo vários carros para cá, sem dar condições para a rua receber esse fluxo", afirmou o administrador Elias Tavares, 45.
Um trecho de aproximadamente 20 metros tem ao menos dez buracos e a faixa amarela original apagada. A proliferação de falhas no asfalto aumentou com mudanças viárias que atraíram veículos de grande porte.
Como a prefeitura não vinha, o aposentado José de Castro, 70, até improvisou ao tapar buracos com argila.
Moradores dizem que quem pintou a faixa no chão foi "a molecada da rua", também por questão de segurança. Duas mensagens foram escritas no chão: pare e devagar. Muitos ainda ignoram. O morador Nelson de Oliveira, 52, diz que outro dia um ciclista se acidentou. "A roda ficou presa no buraco."
A usina municipal que produz asfalto para fazer este serviço está parada, reflexo de cortes relacionados à crise, conforme a Folha revelou na terça-feira (1º). Indagada sobre o assunto, a gestão Fernando Haddad (PT) diz que fará vistoria e operação tapa-buraco no local.