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    Prédio no centro de SP organiza vaquinha para salvar gato ferido

    CHICO FELITTI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    18/04/2017 02h00

    O maior azar da vida de um gato preto de oito meses foi ter sofrido um acidente (não se sabe se ele foi atropelado ou vítima de surra) na frente do número 279 da rua Dona Maria Paula, no centro de São Paulo, na segunda (10).

    Uma pequena sorte dentro desse azar foi que o acidente aconteceu na frente do número 279 da rua Dona Maria Paula, onde fica o edifício Planalto, que adotou o bicho.

    Os cerca de mil moradores dos 279 apartamentos do prédio, um cartão-postal da cidade, fizeram uma vaquinha para levantar os R$ 2.600 necessários para a cirurgia que vai reconstituir o fêmur espatifado do gato e lhe deram até um nome: Artachinho, em homenagem a Artacho Jurado (1907-1983), o arquiteto que assina o projeto do prédio.

    "Até a tarde da segunda, tínhamos R$ 1.000", conta a administradora Renata Oliveira, 37. "E esperávamos chegar no valor total ainda nesta semana." Foi a ela que os porteiros recorreram depois de fazer uma caminha para o bichano acidentado, quando o encontraram na calçada, embebido de sangue e miando de dor.

    "Entrei às 6h. Ao assumir meu posto, ouvi um miado. Perguntei para o meu colega o que era aquilo, e ele viu que era um gatinho machucado", conta a porteira Eliene Matos de Sousa, 36. Artachinho, então ainda sem nome, estava entre uma grade do prédio e um muro, sozinho.

    Além de acudir o animal em má situação, Eliene também faz campanha pela sua melhora. Desde que o incidente aconteceu, além de desejar "bom dia" a quem entra ou sai do edifício, ela explica a situação do felino e pede contribuição para a vaquinha. "Não tem como não doar", diz a designer Clara Lima, 27, que foi visitar uma amiga no prédio, depois de colaborar com R$ 30 para a causa.

    CIRURGIA

    Depois do resgate, ele foi levado para um veterinário na rua Japurá, a metros dali. Depois foi encaminhado para uma clínica em Mairiporã, onde ficou por três dias, até que uma instituição em Guarulhos ofereceu um preço camarada para fazer a cirurgia, que então se mostrava necessária para o bem-estar do animal.

    "Acredito que ele foi chutado ou atropelado", diz o veterinário Alexandre Akagi, 47, responsável pelo tratamento de Artachinho. "Ele tem uma fratura exposta e os dois lados do quadril espatifados. Foi feito um ultrassom abdominal, ele está bem, na medida do possível. Está comendo."

    A disposição do bichano, que está internado numa clínica em Guarulhos, deve permitir que ele passe por uma cirurgia em breve. A inserção de placas de titânio, similares às usadas por humanos, deve acontecer nesta terça (18) ou quarta (19). "Pode ser que a gente não consiga ter sucesso em um dos membros, e ele tenha de ser amputado, mas vamos tentar", diz o médico veterinário.

    O último impedimento ao procedimento do gato adotado por um prédio foi levantado na tarde de segunda (17). Uma mulher viu os posts de Renata em redes sociais, perguntou quanto faltava para a cirurgia de Artachinho e minutos depois depositou a quantia na conta. A benfeitora preferiu o anonimato.

    "Mas ainda temos de arcar com os custos da internação dele", diz a mãe adotiva do felino. Moradores e não moradores do Planalto que quiserem ajudar com os custos do pós-operatório de Artachinho podem escrever para Renata no e-mail renata.elita@gmail.com

    Se tudo correr bem, em breve Artachinho estará de volta à mesma rua onde se acidentou. Mas numa situação um tanto diferente: "Já tem uma amiga, redatora e vizinha, que está disposta a adotá-lo", diz Renata. Ou, como diria um dos porteiros, que pediu para não ser identificado: "Artachinho é o gato preto mais sortudo de São Paulo".

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