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    Ministro desconhece realidade dos médicos no SUS, dizem entidades

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    13/07/2017 16h04

    Tomaz Silva - 17.mar.17/Agência Brasil
    Postos de saúde do Rio com longas filas em março deste ano
    Postos de saúde do Rio com longas filas em março deste ano

    O CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira) divulgaram uma nota nesta quinta-feira (13) em que afirmam que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, fez comentários "inadequados" e "pejorativos" sobre o trabalho dos médicos e desconhece a realidade destes profissionais no SUS.

    As críticas ocorrem após o ministro defender, em evento no Palácio do Planalto, que as prefeituras precisam "parar de fingir que pagam o médico, e o médico precisa parar de fingir que trabalha -em referência à adoção de biometria e de um "padrão de produtividade" nas unidades básicas de saúde.

    Bruno Rocha/Fotoarena/Folhapress
    O ministro da Saúde, Ricardo Barros em congresso da Associação Brasileira de Planos de Saúde
    O ministro da Saúde, Ricardo Barros em congresso da Associação Brasileira de Planos de Saúde

    Para as duas entidades, médicos e outros profissionais de saúde "são frequentemente constrangidos" por declarações de gestores, "inclusive o ministro Ricardo Barros, que distorcem as dificuldades enfrentadas pelo SUS".

    "Diante da necessidade premente de união de esforços em torno da superação dos inúmeros problemas que afetam o Sistema Único de Saúde (SUS), são completamente inadequados os comentários pejorativos feitos por autoridades que se mostram desconectadas da realidade a respeito do trabalho dos profissionais da saúde, em especial dos médicos, bem como da própria dinâmica de funcionamento do SUS", informam o CFM e AMB.

    "Na incapacidade de responder aos anseios da população, transferem para as categorias da área da saúde, sobretudo para os médicos, a culpa pela grave crise que afeta a rede pública. No entanto, polêmicas infundadas não eximem o Estado de suas responsabilidades", completa a nota.

    A Federação Médica Brasileira também criticou a declarações, que classifica como tentativa de "denegrir" a imagem dos médicos.

    "Sem habilidade para lidar com os escândalos criminosos que bombardeiam diariamente o governo que integra, e numa busca incansável para justificar a precariedade no sistema de saúde pública, Ricardo Barros ignora que a Federação Médica Brasileira não compactua com qualquer trabalhador que não honre com seu contrato", disse.

    Segundo a federação, a implantação do sistema de ponto para todos os servidores públicos também é defendida por entidades médicas. "Por não ter formação profissional na área da saúde, Barros avalia como mais conveniente culpar os médicos pela falta de estrutura, de recursos humanos, de laboratórios, de equipamentos", informa.

    "Sugerimos ao ministro que volte para a engenharia. Na área da saúde, ele ainda não conseguiu provar a que veio", completa.

    Em São Paulo, o presidente do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado), Lavínio Camarim também manifestou repúdio às declarações do ministro. "Eu gostaria que as instituições é que parassem de fingir que pagam aos médicos. Tenho andado pelo interior do Estado de São Paulo onde o profissional tem tido a tolerância de ficar até quatro meses sem remuneração", afirmou Camarim, em nota.

    "Considero inaceitável que o governo transfira para a classe médica a responsabilidade de um mau atendimento", disse Camarim.

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