Uma tartaruga com mais de quatro metros é vizinha de uma sereia e, ao lado, uma índia supera os cinco metros. Todos feitos de barro.

O cenário faz parte de um sítio em Nova Friburgo, na região serrana do Rio, que o artista Geraldo Simplício, 74, transformou em um parque de esculturas a céu aberto.

Entre as obras está uma família de retirantes com mais de dois metros, que representa a trajetória do próprio autor.

Nascido em Aurora, no interior do Ceará, Nêgo (como Simplício é conhecido) se mudou para o Rio de Janeiro nos anos 1980 em busca de mais espaço para seu trabalho.

Chegou a se apresentar no programa de Chacrinha na TV antes de comprar, em 1982, o sítio de Nova Friburgo onde vive até hoje.

No local ele transforma o barro em esculturas gigantes. Atualmente são 14 delas espalhadas pela propriedade e abertas a visitação (o ingresso custa R$ 15 para adultos; crianças não pagam).

Em 15 anos aberto, o local já recebeu mais de 100 mil visitantes. Além das esculturas de barro, há um espaço com obras de madeira de Nêgo.

Para criar cada uma das esculturas, são necessários até 12 meses de trabalho, já que elas são feitas de maneira manual. "Dependendo de como está o barranco, será preciso até mais de um ano para fazer um trabalho. Minhas ferramentas são todas muito simples, enxadão, enxada e colher de pedreiro."

Como são feitas de barro, as esculturas estão sujeitas a problemas climáticos. Durante as chuvas de 2011, que atingiram toda a região serrana do Rio, quatro delas foram destruídas, por exemplo.

Por isso, ele passou a tentar proteger as obras da chuva, o que acabou sendo incorporado no trabalho. "Uma vez, chovia muito e tive a ideia de proteger as esculturas com pedaços de plásticos. Quando o tempo melhorou, ao tirar o plástico, para minha surpresa, as esculturas estavam cobertas de musgo, o que deu um visual mais bonito com o tom verde", diz.