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    Duplo homicídio é principal linha para morte de meninas de três anos em SP

    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    13/10/2017 17h47

    Um duplo assassinato: essa é a principal hipótese da Polícia Civil de São Paulo para a morte de duas meninas de três anos de idade na zona leste na capital. Os corpos delas foram encontrados no compartimento de carga de uma pick-up na tarde desta quinta-feira (12). Embora ainda aguarde confirmação oficial da perícia, os policiais já trabalham como sendo esses os corpos de Beatriz Moreira dos Santos e Adrielly Mel Severo Porto, que desapareceram no dia 24 de setembro.

    Elas moravam a cerca de 100 metros do local onde o carro foi achado: um pequeno terreno com cerca de três metros de frente, fincado entre um aglomerado de casas da favela do Jardim Lapena. Na semana passada, segundo vizinhos, policiais estiveram na região com cães farejadores em busca das meninas, mas eles foram em outra parte da favela.

    Os corpos das crianças foram localizados na tarde desta quinta (12) quando moradores da rua do Cal comemoravam o Dia das Crianças com um almoço. Um dos moradores resolveu investigar um cheiro forte vindo de tal terreno, onde a pick-up Fiorino estava escondida havia pelo menos dois meses, conforme relatam os moradores vizinhos. O veículo havia sido roubado este ano.

    As duas meninas estavam caídas de barriga para cima no compartimento de carga, que é fechado. Uma das vítimas estava apenas com uma calça azul, sem camiseta, e a outra, de vestido branco. As famílias reconheceram parte das roupas encontradas. A perícia achou no interior do veículo alguns objetos, entre eles um rádio comunicador e uma touca preta.

    Reprodução/TV Globo
    Local onde foram encontrados os corpos, em São Miguel Paulista

    Para acessar o terreno, os vizinhos tiveram que pular as placas de metal que cercavam a sua frente. Esses tapumes foram colocados porque, contam os moradores, tempos atrás uma criança se trancou acidentalmente em um carro abandonado no mesmo lugar. Por sorte, ela foi salva porque um dos vizinhos escutou seus gritos. Em razão disso, os moradores afirmam não descartar um acidente com as duas meninas, embora se digam convictos de um crime.

    "Fazia dias que minha mulher estava reclamando da quantidade de mosquitos na nossa casa e do mau cheiro, de carniça", disse o segurança Diego Garcez, 30, uma das pessoas que encontraram os corpos. "Há muita maldade no ser humano. As pessoas perderam todos os limites."

    A tia de Diego, a diarista Edineli Soares Gacez, 54, disse ter visto uma das meninas, a Mel, no mesmo dia em que despareceram. "Eu a via naquela esquina. Estava com um ursinho de pelúcia nas mãos, abraçadinha, como os dizeres: 'Eu te amo'", disse. A diarista afirmou ainda que tem uma neta da mesma idade que costuma brincar com as duas vítimas. "Graças a Deus naquele dia minha neta não estava aqui, só voltou à noite, ou poderia estar morta também", completou.

    A rua do Cal não tem asfalto e, para chegar onde os corpos foram encontrados, é preciso enfrentar um labirinto de curvas e entroncamentos. As dificuldades de acesso aumentam na chamada viela, onde, segundo os moradores, as crianças costumam se perder. Nenhuma havia sumido antes por tanto tempo. Na tarde desta sexta (13), a reportagem da Folha contou ao menos sete crianças, com idades próximas às das vítimas, correndo pelo local do possível crime, nenhuma sob supervisão de adultos.

    Os policiais aguardam exames do IML para apontar a causa morte. Em razão do avançado estrado de putrefação, não conseguem dizer se houve violência, incluindo algum ataque sexual. No final da tarde desta sexta (13), o governo de São Paulo decidiu oferecer R$ 50 mil para quem repassar à polícia informações que possam levar a identificação das pessoas envolvidas no crime. As denúncias podem ser feitas pela internet no site de denúncias e/ou aos policiais que investigam o crime.

    Mapa da morte em São Paulo

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