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    Atirador de Goiânia se inspirou em tragédias no Rio e nos EUA, diz polícia

    DANIEL CARVALHO
    ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA

    CLEOMAR ALMEIDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM GOIÂNIA

    20/10/2017 18h10 - Atualizado às 10h13

    O adolescente de 14 anos que matou dois colegas e feriu outros quatro nesta sexta-feira (20), em Goiânia (GO), disse à polícia que se inspirou em duas outras tragédias envolvendo atiradores em escolas -o massacre de Columbine, em 1999, nos EUA, e o de Realengo, em 2011, no Rio.

    A polícia apurou que ele começou a fazer buscas sobre os casos na internet há cerca de três meses. Nesta semana, ele teve uma discussão com João Pedro Calembo, 13, seu desafeto. Ele, que sentava na carteira imediatamente atrás à do atirador, foi a primeira vítima.

    "Ele me amolava muito", disse o atirador aos policiais. De acordo Luiz Gonzaga Júnior, delegado titular da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais, o estudante usou uma pistola.40 da mãe que, assim como o pai, é policial militar.

    TIROS EM GOIÂNIA Raio-x da escola particular Goyases, onde ocorreu o ataque

    'TODOS VÃO MORRER'

    Segundo o delegado, o jovem pegou a arma em um móvel de casa na noite de quinta (19) e levou a pistola para a escola dentro de uma mochila.

    Depois de matar Calembo, de acordo com o delegado, ele disse "vocês vão todos morrer" e atirou nos outros colegas. João Vitor Gomes, 13, esse amigo do garoto, também morreu. "Motivado por esse bullying, ele resolveu executar e matar colegas. Primeiro este colega e depois, segundo ele, teve vontade de matar mais", afirmou Gonzaga Júnior.

    Arquivo Pessoal
    Adolescente após ter efetuado ataque a tiros a colegas de escola em Goiânia
    Adolescente após ter efetuado ataque a tiros a colegas de escola em Goiânia

    Sempre de acordo com relatos dele à polícia, o adolescente já havia decidido matar o colega na quarta-feira (18), mas desistiu. Na quinta, decidiu que executaria o plano.

    Em abril de 2011, em Realengo, na zona oeste do Rio, 12 adolescentes -dez meninas e dois meninos- morreram no massacre da escola municipal Tasso da Silveira. Eles foram vítimas de Wellington Menezes de Oliveira, 23, que atirou contra as vítimas na sala de aula.

    Ex-aluno da escola, Oliveira entrou na escola por volta das 8h30 e disse que buscaria seu histórico escolar. Depois, disse que daria uma palestra e, já em uma sala de aula, começou a atirar na direção dos alunos. Além dos 12 mortos, outras 12 pessoas ficaram feridas -ao menos quatro em estado grave. Após o ataque, Oliveira se matou.

    Nos Estados Unidos, em abril de 1999, dois adolescentes armados mataram 13 estudantes e um professor na Columbine High School em Littleton, no Colorado, em uma das tragédias do tipo que se tornaram mais conhecidas mundialmente. Depois do ataque, os adolescentes cometeram suicídio juntos.

    SOBREVIVENTES

    Dos quatro alunos feridos em Goiânia, três -duas meninas e um menino- estão no Hospital de Urgências de Goiânia. A vítima mais grave é uma menina de 13 anos atingida nos pulmões, na mão e no pescoço.

    De acordo com o hospital, a menina está em coma induzido na UTI, respira com ajuda de aparelhos e teve que fazer uma drenagem nos dois pulmões atingidos.

    Uma outra menina de 13 anos teve o pulmão esquerdo perfurado e também passou por drenagem, mas está acordada e respira espontaneamente. Ela foi transferida para a UTI para observação.

    Um menino também de 13 anos também levou um tiro no tórax, mas não houve perfuração do pulmão.

    Nenhuma das vítimas tem previsão de alta. Uma quarta pessoa está internada no Hospital de Acidentados, que não deu informações.

    Perfil da escola -

    Cleomar Almeida/Folhapress
    Alunos do colégio Goyases se abraçam em frente à escola
    Alunos do colégio Goyases se abraçam em frente à escola
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