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    Folha Verão

    Verão no litoral de SP inclui óculos espelhados e até torre de batata frita

    MARIANA ZYLBERKAN
    ENVIADA ESPECIAL A GUARUJÁ (SP)

    21/01/2018 02h00

    Quando um cliente pede a torre de batata fritas, os garçons do quiosque We Love Beach, na praia de Pitangueiras, em Guarujá, já sabem: é preciso dar uma volta maior entre os guarda-sóis até chegar à mesa. A tática, criada para chamar atenção dos banhistas, dá certo.

    "Nem nos meus sonhos mais lindos imaginei uma coisa dessas. Estou emocionada", disse a estudante Flavia Costa, 22, ao passar ao lado da bandeja e ver as camadas de fritas, linguiça, bacon, queijo cheddar e cream cheese e fazer um clique com o celular.

    A invenção adiposa foi vista em um restaurante pelo dono do quiosque, Luciano Melo, 38, e levada para as areias na alta temporada. Aos finais de semana, ele calcula vender cerca de sete torres de batata frita ao preço de R$ 45. "Todo verão busco algo diferente para atrair os clientes."

    Ao chegar na mesa do casal de Jundiaí, a 58 km de São Paulo, que frequenta o quiosque, o desfile da torre na bandeja já tinha surtido efeito. "É comer e morrer, né?", disse um homem sentado na areia. "Não, é comer e viver", rebateu o garçom enquanto andava até o casal.

    "Eu sou carnívora e o resto da família gosta de batata frita, então, isso resolve", diz a psicóloga Simone Silva, 45, ao lado do marido, o engenheiro Elder Silva, 47, enquanto usa o palito para pescar uma linguiça da camada que cobre a torre.

    O formato cilíndrico também inspirou outra criação que tem chamado atenção dos banhistas e sido servida na Praia do Tombo.

    No vulcão de açaí, o leite condensado faz as vezes de lava e um copo descartável é usado como molde.

    Assim como na barraca de praia, o dono do restaurante Sabores do Brasil se inspirou na invenção de outro estabelecimento e a colocou no cardápio para se diferenciar da concorrência. "Pensamos na barca de açaí, mas já tinha muito, então criamos o vulcão. Apanhamos até aprender a técnica", diz o comerciante Gabriel Lage Costa, 36.

    "Primeiro, cavamos um buraco na massa de açaí dentro do copo. Na hora de colocar no prato, preenchemos o espaço com leite condensado. Na base, vai leite em pó que serve como calço", explica. Além de "segurar" o recheio, o leite em pó é polvilhado sobre o açaí em alusão aos picos nevados.

    É preciso ser rápido quando a sobremesa chega à mesa. "Tem que ser rápido se quiser sacar o celular para filmar a erupção", diz Cristina Pacheco Bretas, 36, mulher do dono do restaurante, que faz vídeos da invenção e os posta na página do estabelecimento nas redes sociais.

    A bomba calórica costuma fazer sucesso entre os jovens. Os amigos José Osvaldo Costa Júnior, 18, e Pedro Peres Lago, 19, contam que costumam ficar o dia todo sem comer só para guardar lugar no estômago para o vulcão de açaí. "Pedimos depois de surfar", diz Júnior, que costuma compartilhar a experiência on-line.

    Alguns clientes, conta Cristina, se baseiam nos vídeos que ela posta para "atacar" o vulcão da forma correta. Se a primeira colherada atingir primeiro a base, não dá certo e o leite condensado acaba inundando o prato, ela diz.

    A possibilidade de ostentar nas redes sociais dita mais uma tendência do verão em Guarujá: os óculos escuros espelhados, quase tão onipresentes nas areias quanto os carrinhos de açaí.

    Além de proteger os olhos do sol, o acessório também é muito usado para conferir o look antes de postar selfies. "Dá para usar como espelho mesmo", diz o barbeiro Eder Costa, 31, que escolheu um modelo em Araçatuba, no interior de São Paulo, onde mora, para usar em Guarujá.

    As lentes que refletem tudo ao redor também não saem dos rostos das amigas bolivianas Carolina Padila, 37, e Dayana Portugal, 23, durante a folga no balneário. Vindas de Santa Cruz de la Sierra, elas contam que compraram os óculos na praia.

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